“Não é possível fazer eleições sem imprensa livre e responsável”, diz Cármen Lúcia
Ministra, que será eleita hoje para a presidência do TSE, falou em evento que comemora o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) e nova presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, ressaltou o importante papel da imprensa para a democracia e as eleições municipais de 2024.
“Não é possível fazer eleições sem imprensa livre e responsável, é impossível. A imprensa é a grande parceira do judiciário no oferecimento ao público, aos cidadãos, aos eleitores e não eleitores de todas as informações para que eles façam suas escolhas. Mas é perigosíssimo imaginar que deformando, desinformando, mentindo você vá ter um resultado que seja a liberdade do eleitor”, relatou.
A fala foi registrada no painel “Liberdade de Imprensa no Brasil: da constituição à realidade” em que Cármen Lúcia participou na manhã desta terça-feira (7), no campus da ESPM em São Paulo.
A ministra também expressou preocupações a respeito da quantidade de dados que são emitidos e recebidos pelas pessoas diariamente sem regulamentação e apontou que um eleitor que é influenciado unicamente pelos conteúdos da internet, não é um eleitor livre.
“Vivemos uma situação completamente inédita que é o grande volume de dados que são passados nos nossos aparelhos. Eu temo pela criação de um novo coronelismo no mundo, o coronelismo digital.
“Nós tínhamos um território em que criamos nossas normas, nestes modelos sempre se partiu desta ideia de que no território do Brasil se aplica o direito do Brasil. Este direito prevalecia aqui. Mas (no mundo digital) cria-se um espaço que seja supranacional em que ‘nós não temos direito e fazemos o que quisermos’. O algoritmo dita o que chega pra você. Alguém aqui acha que neste algoritmo não tem alguém que dita, manipula e ganha dinheiro com isso? Você sequer se dá conta que não é mais livre”.
Cármen Lúcia se ausentou do evento, logo após o fim da fala, e seguiu para Brasília. Hoje à noite ela será eleita a nova presidente do TSE, herdando a cadeira ocupada por Alexandre de Moraes.