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    Na quinta-feira, vamos desmontar ‘armação’ de Pazuello na CPI, diz oposicionista

    Para senador Rogério Carvalho (PT-SE), Eduardo Pazuello 'fabulou' e mentiu no primeiro dia de seu depoimento à CPI da Pandemia

    Elis Franco, Gregory Prudenciano e Rudá Moreira, da CNN, em São Paulo e em Brasília

    Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (19), o senador Rogério Carvalho (PT-SE) disse que a oposição no Senado vai “conseguir desmontar toda a armação que foi feita” pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello em seu primeiro dia de depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia. Os trabalhos com Pazuello serão retomados na manhã desta quinta-feira (20). 

    Segundo o petista, que é suplente na CPI da Pandemia, o ex-ministro “fabulou” aos senadores, tendo contado “uma história muito fantástica do período em que ele esteve à frente” da Saúde.

    Carvalho afirmou que Pazuello não disse “nada que corresponda aos fatos e aos dados que toda a imprensa noticiou ao longo do último ano, como as notícias de aumento do número de mortes, de pessoas infectadas, de falta de oxigênio, de falta de kit de intubação”. “Ou seja, tudo o que aconteceu parece que não foi no Brasil”, provocou. 

    O senador defendeu, inclusive, que a CPI faça uma acareação – quando testemunhas se confrontam entre si ou são confrontadas por terceiros a respeitos de suas versões sobre um mesmo acontecimento – envolvendo os ex-ministros Pazuello, Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Fabio Wajngarten, que foi secretário especial de Comunicação na Presidência da República, estes dois últimos também já ouvidos pela CPI. 

    Em seu depoimento, Ernesto Araújo afirmou que eventuais tratativas do Itamaraty relacionadas à pandemia foram coordenadas pelo Ministério da Saúde, então sob Pazuello. Já Wanjgarten disse que coube a ele próprio colocar Pfizer e governo federal em contato para a viabilização de vacinas contra a Covid-19, em agosto de 2020, o que Pazuello nega. Segundo o ex-ministro, o governo brasileiro estava em contato com a farmacêutica desde maio de 2020. 

    “Tem aí três versões distintas, duas que apontam Pazuello como responsável pela negligência, e a de Pazuello que diz que começou a negociar em maio”, disse o senador, defendendo a acareação. 

    Checagem em tempo real

    O senador por Sergipe disse ser favorável à instauração de um serviço de checagem em tempo real para o auxílio dos senadores durante os depoimentos à CPI da Pandemia. A ideia, do senador Renan Calheiros (MDB-AL), foi aventada em entrevista coletiva nesta quarta-feira, e o relator da CPI disse que iria apresentá-la ao presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM). 

    “Acho fundamental que algum órgão independente possa estar apresentando os fatos em tempo real para que a gente não passe para a opinião pública versões que não correspondem ao que aconteceu com todos os brasileiros e brasileiras que perderam suas vidas e desestruturam suas famílias”, disse Rogério Carvalho. 

    Senador Rogério Carvalho (PT-SE)
    O senador Rogério Carvalho (PT-SE) é membro suplente da CPI da Pandemia
    Foto: CNN Brasil (17.mai.2021)

    Depoimento de Eduardo Pazuello

    Em seu depoimento à CPI da Pandemia nesta quarta-feira (19), o ex-ministro Eduardo Pazuello afirmou que o “tratamento precoce”, com uso de medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19, tornou-se mais uma “posição político-ideológica”, e defendeu que o não uso de medicamentos com finalidades que não constam de suas bulas seria prevaricação, ou seja, seria deixar de cumprir com as obrigações devidas. 

    “Alinhávamos com o Conselho Federal de Medicina e colocávamos de forma clara que o médico seria soberano na descrição daquele e de qualquer medicamento (…) e caso o médico desejasse prescrever em consenso com seu paciente, deveria estar atento para doses seguras – e que não usasse na fase inflamatória”, disse o ex-ministro. 

    Ele negou que, durante sua gestão, o Ministério da Saúde tenha orientado o uso de medicamentos como a ivermectina e a hidroxicloroquina. 

    Questionado sobre o aplicativo TrateCOV, que foi promovido pela comunicação do Ministério da Saúde e que facilitava a emissão de receitas com remédios do “tratamento precoce”, Pazuello atribuiu a ideia à secretária de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina”, e que deverá depor à CPI na próxima terça-feira (25). 

    No entanto, Pazuello disse que o aplicativo nunca foi oficialmente lançado e que a divulgação ocorreu de forma indevida por um “cidadão que a copiou”. No entanto, há textos no site do Ministério da Saúde que informam sobre o treinamento de profissionais para lidar com o TrateCOV e até uma reportagem sobre o lançamento da iniciativa feito pela estatal TV Brasil. 

    Compra da Coronavac

    O ex-ministro da Saúde também negou que tenha sido orientado pelo presidente Jair Bolsonaro a desfazer o contrato do Ministério da Saúde para a compra de 46 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, que é ligado ao governo do estado de São Paulo. 

    De acordo com Pazuello, “nunca o presidente mandou eu desfazer qualquer contrato como Butantan. Nenhuma vez”. Contudo, em 2020, o presidente disse publicamente que havia determinado a suspensão da compra, e na sequência houve um vídeo gravado ao lado de Pazuello em que o então ministro da Saúde disse que “é simples assim: um manda e o outro obedece”. 

    Sobre essa frase, o general do Exército disse que a declaração foi tão somente um “jargão simplório colocado para discussão de internet”. 

    Compra da vacina da Pfizer

    Eduardo Pazuello explicou que a aparente demora do governo brasileiro em firmar acordo pela compra das vacinas da Pfizer contra a Covid-19 se deveu a “cinco cláusulas assustadoras” no contrato proposto pela farmacêutica americana, e que o preço das doses parecia alto demais: US$ 10 dólares a unidade, enquanto negociações de outros imunizantes giravam em US$ 3,75 a dose.

    Depoimento continua na quinta-feira (20)

    Na quinta-feira (20), Pazuello voltará ao Senado Federal para dar continuidade aos trabalhos da CPI, já que sua participação nesta quarta-feira foi suspensa. No começo da noite, segundo o Senado, Pazuello passou mal e precisou ser socorrido pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico e afirmou que o ex-ministro teria tido uma síndrome vasovagal. À imprensa, Pazuello negou que tenha passado mal

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