Mulher de Queiroz recebeu mais de R$ 1 milhão, dizem promotores em denúncia
Montante teria sido desviado através de esquema de 'rachadinha' no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro
Em denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) à Justiça, os promotores afirmam que Márcia Aguiar, mulher de Fabrício Queiroz, ajudou a desviar R$ 1,1 milhão da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), através do esquema de “rachadinha” implantado no antigo gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
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Segundo a denúncia de 290 páginas que a CNN teve acesso, Márcia faz parte da teia de 12 funcionários fantasmas investigados pelos promotores para rastrear o dinheiro desviado. Do total movimentado por Márcia, pouco mais de R$ 868 mil (ou 75% do que ela recebeu da Alerj) teriam sido usados para abastecer a suposta organização criminosa chefiada por Flávio Bolsonaro.
Procurada, a defesa de Márcia e Fabrício Queiroz afirmou “que é inverídica a acusação de desvio de valores na Alerj”, e que “Márcia sempre exerceu com rigor as atribuições legais dos cargos que ocupou”. A defesa de Flávio Bolsonaro disse que não vai se manifestar, pois a investigação está sob sigilo.
Márcia Oliveira de Aguiar, mulher de Fabrício Queiroz cumpre prisão domiciliar
Foto: Reprodução/Facebook
O MP-RJ fez o levantamento dos valores recebidos da Alerj por Márcia e cruzou depósitos bancários executados para Fabrício Queiroz, além de saques em dinheiro, que não puderam ser rastreados. Dos 12 assessores envolvidos, o total depositado para Queiroz da verba desviada da Alerj foi de R$ 2.079.149,52. Desse valor, apenas Márcia foi responsável pelo repasse de cerca de R$ 445 mil para seu marido. Isso corresponde a 21,4% do valor repassado, através de depósitos bancários, à Fabrício Queiroz.
Ainda segundo o MP, mulher de Queiroz movimentou, em espécie, cerca de R$ 423 mil dos mais de um milhão que recebeu da Alerj através de desvios ilícitos. Márcia é apontada pelo MP como sendo do núcleo executivo da organização criminosa chefiada por Flávio Bolsonaro.
Ela permanece em prisão domiciliar, após ter ficado foragida por 22 dias no meio do ano, quando havia sido alvo, junto com seu marido Fabrício Queiroz, de prisão preventiva. Ao se entregar à Justiça, a ex-assessora de Flávio ganhou o benefício da prisão domiciliar concedida pelo ministro João Otávio de Noronha — decisão em caráter liminar, ou seja, que ainda terá seu mérito julgado.
Márcia e Queiroz são investigados no inquérito que apura um esquema de corrupção na Alerj, que teria sido executado quando Queiroz trabalhava no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.
(*Sob supervisão de Maria Mazzei)