‘Muda, Senado’ considera explicação de Aras insuficiente e discute reação no STF
Em evento online com advogados na noite desta terça-feira (28), Aras insinuou que a força-tarefa da operação em Curitiba se fez com “caixas de segredos”
Senadores do grupo “Muda, Senado” consideraram “insuficientes” as explicações dadas pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, sobre as recentes críticas feitas por ele à Lava Jato e já discutem nos bastidores uma reação jurídica à PGR.
Em evento online com advogados na noite desta terça-feira (28), Aras insinuou que a força-tarefa da operação em Curitiba se fez com “caixas de segredos” e defendeu que é “hora de corrigir os rumos para que o lavajatismo não perdure” no Brasil.
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As críticas foram feitas semanas após o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, atender pedido de Aras e ordenar que as forças-tarefas da Lava Jato no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Paraná compartilhem dados com a PGR.
Logo após a fala do procurador, senadores pediram encontro virtual com ele na tarde desta quarta-feira (29). Na conversa, Aras reiterou as críticas à operação e disse que a República não combina com heróis, de acordo com relatos de parlamentares.
“Considerei as explicações insuficientes”, afirmou à CNN o senador Alessandro Vieira (Cidadania-ES), um dos expoentes do “Muda, Senado”. Para o parlamentar, as ações e falas de Aras enfraquecem a credibilidade do Ministério Público Federal.
“Uso abusivo”
Segundo apurou a coluna com outros senadores do grupo, uma das reações jurídicas em avaliação é entrar no STF com uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) contra o que o “Muda, Senado” considera como “uso abusivo” da Corregedoria do MPF.
Nesta quarta-feira, a própria PGR informou que as críticas feitas por Aras na videoconferência com advogados sobre a existência de “caixas de segredos” na Lava Jato já é objeto de uma investigação que corre em sigilo na Corregedoria do MPF.
A ofensiva jurídica, contudo, ainda não é consenso no “Muda, Senado”. Uma parte dos senadores avalia que, dada a estatura dos envolvidos, a melhor estratégia por enquanto seria persistir apenas na reação política ao procurador-geral da República.