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    MPF do Rio quer responsabilizar União por ato de Bolsonaro no bicentenário

    Alegação é de que houve falhas para diferenciar o evento institucional de uma manifestação da campanha à reeleição do ex-presidente

    Jair Bolsonaro em Copacabana, no Rio de Janeiro, na comemoração do bicentenário da Independência
    Jair Bolsonaro em Copacabana, no Rio de Janeiro, na comemoração do bicentenário da Independência Vinicius Lima/Futura Press/Estadão Conteúdo

    Iuri Pittada CNN

    Procuradores do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro entraram com ação civil pública na Justiça para responsabilizar a União por ato realizado na capital fluminense no último 7 de setembro. A alegação é de que houve falhas para diferenciar o evento institucional de uma manifestação da campanha à reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    A alegação dos procuradores é de que teria ocorrido “omissão ou ação insuficiente das devidas diligências e medidas preventivas de autocontenção na realização das comemorações cívico-militares do bicentenário da Independência do Brasil, bem como pela tomada de decisões que favoreceram a diluição da celebração oficial em manifestação político-partidária do então candidato à Presidência da República Jair Messias Bolsonaro”.

    “A responsabilidade pela realização de tais atos deve ser analisada à luz do dever do Estado brasileiro de zelar pela neutralidade das Forças Armadas em relação a disputas político-partidárias e pela adoção de obrigações positivas que assegurem a observância dos limites da liberdade de expressão de seus integrantes no desempenho de seu papel constitucional”, afirmam os procuradores Jaime Mitropoulos, Julio José Araujo Junior e Aline Mancino da Luz Caixeta.

    Na data em que se celebraram os 200 anos de Independência do Brasil, Bolsonaro participou de uma motociata no Rio de Janeiro em direção a Copacabana, na zona sul, local do ato cívico-militar organizado pelo poder público. Após a apresentação militar em homenagem ao bicentenário, o então presidente fez um discurso aos apoiadores no qual disse ter certeza de que o público saberia o que fazer “para que o Brasil continue no caminho em que está”.

    “Vocês sabem também que hoje temos um governo que acredita em Deus, que respeita policiais e militares. Sabem que esse governo defende a família brasileira”, discursou Bolsonaro. “Tenha certeza que teremos um governo muito melhor com a nossa reeleição, com a graça de Deus.”

    Para os procuradores, é preciso acionar a União no caso e condená-la a “reparar os danos mediante a adoção das seguintes medidas”:

    – realização de cerimônia pública de pedido de desculpas, com ampla divulgação e participação dos comandantes das três Forças Armadas;

    – elaboração de relatório circunstanciado para esclarecer os fatos e identificar toda a cadeia de acontecimentos que permitiu a ocorrência do episódio;

    – regulação da participação das Forças Armadas em festividades com características similares à da Independência;

    – realização de curso de formação aos militares de todo o país com o fim de revisitar a celebração do bicentenário e episódios posteriores para enfatizar o necessário respeito dos integrantes das Forças Armadas aos princípios inerentes ao Estado Democrático de Direito, aos direitos humanos e à neutralidade política das Forças Armadas.

    Procurados pela CNN, o ex-presidente Bolsonaro e a Advocacia-Geral da União ainda não se manifestaram.