MPE apura suposta ligação de candidatos do RJ com organizações criminosas
Seis procedimentos foram abertos; um dos nomes investigados é de Allan Turnowski, ex-secretário de Polícia Civil do estado, preso desde o último dia 9
A Procuradoria Regional Eleitoral do Rio de Janeiro abriu procedimentos preparatórios eleitorais para investigar as campanhas de quatro candidatos a deputado federal e dois a estadual, suspeitos de conexões com o tráfico de drogas, milícias e o jogo do bicho.
O Ministério Público vai apurar se os candidatos receberam algum tipo de benefício, como fazer campanha em territórios dominados pelas organizações criminosas e recursos financeiros, com possíveis efeitos sobre o resultado do pleito do próximo domingo (2).
Um dos candidatos a deputado federal é o ex-secretário de Polícia Civil Allan Turnowski (PL), preso no dia 9 deste mês de setembro, suspeito de usar a estrutura da corporação para beneficiar uma organização criminosa chefiada pelo bicheiro Fernando Iggnácio, morto em novembro de 2020.
O advogado Daniel Bialski, que representa Turnowski, afirma que o cliente “não cometeu qualquer ilicitude” e que sempre combateu o crime organizado, inclusive com diversas homenagens, elogios e honrarias pelo trabalho.
“Importante ressaltar que não há uma prova sequer que possa envolver ou guindar o dr. Allan como partícipe e ou coautor de qualquer infração. A acusação e a própria prisão que se combate possui caráter de perseguição”, colocou a defesa.
Ricardo Abrão (União) também é apontado com uma possível conexão com o jogo do bicho. Ele é sobrinho do contraventor Anísio Abrão David e tenta uma cadeira na Câmara dos Deputados. A CNN aguarda o posicionamento do candidato.
Quem também disputa uma vaga na Câmara é o policial militar Sérgio Porto (Pros), suspeito de conexão com uma milícia. Ele já comandou o 15º Batalhão de São Gonçalo. O ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, apontado pela polícia como um dos fundadores da organização criminosa Liga da Justiça, hoje com outros líderes, pouco antes de ser assassinado em agosto, defendeu a candidatura de Porto. A reportagem aguarda um posicionamento do candidato.
Em busca da eleição como deputada federal, a advogada Flávia Fróes (União) é investigada por uma suposta ligação com o tráfico de drogas. Como criminalista, ela já defendeu nomes de integrantes do Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital. A CNN aguarda o retorno da assessoria da candidata.
Já o candidato a deputado estadual Cristiano Santos (PL) é irmão de Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, denunciado pelo MP como um dos líderes do tráfico de drogas no Rio de Janeiro. A reportagem aguarda o retorno do político, que já foi vereador em Belford Roxo, município da Baixada Fluminense.
Também será observada a campanha de Tiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, que teria um suposto vínculo com o narcotráfico. Em 2017, ele chegou a ser preso acusado de lavar dinheiro do tráfico de drogas. A reportagem também aguarda o retorno de Silva.
Caso fique comprovada qualquer irregularidade, a Procuradoria Regional Eleitoral pedirá a impugnação dos possíveis eleitos.