MP-RR pede saída de namorada de prefeito nomeada para cargo antes de vacinação
Para Ministério Público, imunização foi ‘contra a ordem de prioridades’ por não estar na linha de frente contra a Covid-19
O Ministério Público de Roraima pediu a exoneração da enfermeira Danyele Santos Negreiros do cargo de secretária-adjunta de Saúde da cidade de Alto Alegre. Namorada do prefeito Pedro Machado, ela foi nomeada para o posto no dia 15 de janeiro, seis dias antes de o município iniciar a vacinação contra Covid-19, quando Danyele também foi vacinada.
O pedido, assinado pelo promotor Paulo Trindade, argumenta que a vacinação de Danyele foi ‘contra a ordem de prioridades’ por não estar na linha de frente contra a Covid-19 e se valer da “condição de Secretária e do vínculo de afeto com o atual gestor do Município”. O MP-RR também pede que ela não receba a segunda dose do imunizante.
A cidade de Alto Alegre, em Roraima, recebeu 294 doses de CoronaVac para imunizar os profissionais na linha de frente e expostos ao novo coronavírus, indígenas, quilombolas e idosos que vivem em casas de longa permanência.
Em suas redes sociais, o prefeito Pedro Machado compartilhou fotos da namorada sendo imunizada. Ele também publicou imagens que mostram Danyele aplicando a primeira vacina da cidade em outras pessoas.
Segundo o MP-RR, o nome de Danyele dos Santos Negreiros não consta na lista de servidores da cidade de Alto Alegre. De acordo com suas redes sociais, Dany Negreiro, como é conhecida em seu Instagram, é digital influencer, enfermeira e modelo. A jovem possui 33 mil seguidores.
O MP-RR pede que a imunização do município seja interrompida temporariamente e que “promova a transparência e correção no plano de execução da COVID-19 (SARS-COV-2), divulgando amplamente, em aba própria do site da Prefeitura os respectivos beneficiados e imunizados”.
Também é exigido que em 24 horas a prefeitura da cidade encaminhe para a Promotoria do município, a lista “nominal e funções efetivamente desempenhadas pelas pessoas imunizadas e critério de risco e/ou exposição à risco que justificou a imunização em ordem de prioridade” e “que proceda a adoção irrestrita de critérios objetivos e impessoais para escolha dos trabalhadores contemplados com a vacina contra a COVID-19”.
A reportagem entrou em contato com Danyele e aguardou uma resposta em três horas. Não houve manifestação até a publicação desta reportagem.