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    Mourão elogia Salles, diz que ação do MPF é política e processo não deve avançar

    Salles é acusado de improbidade administrativa por desestruturação dolosa das estruturas de proteção ao meio ambiente

    Teo Cury , Da CNN, em Brasília

    O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, disse acreditar que a ação de improbidade apresentada pelo Ministério Público Federal contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não deve prosperar na Justiça. “Acho que vai só incomodar”, afirmou. 

    “Esse é o tipo de processo que não tem condições de prosperar porque ele coloca que o ministro incorre em uma improbidade administrativa. Algo que é mais político do que qualquer outra coisa”, disse o vice-presidente. 

    Ele conversou com jornalistas no início da tarde, ao deixar a Vice-Presidência para almoçar. 

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    Ao ser questionado pela CNN sobre como avalia o desempenho de Salles à frente da pasta, Mourão saiu em defesa do ministro. “Gosto muito do trabalho do ministro Ricardo Salles. Ele tem me auxiliado bastante aí nas questões do Conselho Nacional da Amazônia Legal”, disse. O colegiado é formado por 14 ministérios e é presidido por Mourão. 

    “Agora, o ministro sofre alguma oposição aí e acaba se traduzindo nesta demanda do MP, entre outras coisas.”

    Salles é acusado de improbidade administrativa por desestruturação dolosa das estruturas de proteção ao meio ambiente. Ou seja, de acordo com o MPF, com o objetivo de fragilizar a atuação estatal na proteção ao meio ambiente.

    Essas desestruturações, segundo o MPF, acontecem por meio de ações, omissões, práticas e discursos de Salles.  

    Os doze procuradores que assinam a ação pediram o afastamento do ministro do cargo. A ação tramita na 8ª Vara da Justiça Federal. 

    Os investigadores afirmam que a presença do ministro no comando da pasta resultará em “um aumento exponencial e alarmante do desmatameto da Amazônia”. 

    “Consequência direta do desmonte deliberado de políticas públicas voltadas à proteção do meio ambiente“, o que “pode levar a floresta amazônica a um ponto de não retorno”.

    Ao ser questionado sobre esta acusação, Mourão disse que o desmatamento vem aumentando desde 2012. “É uma questão de avanço da fronteira agrícola ali. São coisas que têm que ser analisadas de uma forma bem clara porque tem áreas que foram desmatadas anteriormente que já se regeneraram, já viraram floresta novamente.”

    Em nota, o Ministério de Meio Ambiente informou ontem que a ação traz posições com “evidente viés político-ideológico em clara tentativa de interferir em políticas públicas do governo federal”. E que as alegações são um apanhado de outros processos já apreciados e negados pelo Judiciário.

    Carta

    O vice-presidente também comentou sobre a carta enviada a ele, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal, por um grupo de presidentes de 37 grandes companhias e quatro associações empresariais. Eles pedem “fiscalização rigorosa” do desmatamento da Amazônia. 

    “Tudo o que eles colocam ali é a nossa visão. E óbvio que a questão de melhorar a imagem estamos trabalhando em cima disso daí, abrindo contatos com grupos de investidores, com os embaixadores dos países”, disse. 

    Segundo Mourão, o ideal seria visitar os países, principalmente os europeus, que criticam a política ambiental brasileira, mas que não é possível devido à pandemia do novo coronavírus.

    Ele ressaltou, no entanto, a necessidade de mostrar o comprometimento do governo e do estado brasileiro com a preservação e proteção da Amazônia.

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