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    Mourão diz que usar desfile como pressão contra o Congresso seria ‘ridículo’

    Vice-presidente também disse que debate sobre voto impresso está encerrado: 'Congresso decidiu, tá decidido'

    Teo Cury, da CNN, em Brasília

    O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB-DF), disse que seria “extremamente ridículo” se o desfile de veículos militares na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, que aconteceu nesta terça-feira (10), fosse uma forma de pressionar o Congresso Nacional em meio à votação da PEC do voto impresso.

    “A Marinha quis fazer uma homenagem ao presidente. Eu vejo dessa forma. Estava marcado antes isso aí. Se fosse para ser colocado como uma forma de pressão no Congresso seria extremamente ridículo”, disse. Mourão conversou com jornalistas nesta quarta-feira (11) ao chegar a seu gabinete.

    Mourão também falou sobre a proposta do voto impresso, derrubada pela Câmara dos Deputados. “A minha avaliação é que era difícil conseguir os 308 votos. Apesar da gente ter a maioria dos votos, mas não foi o número necessario para uma mudança”, disse. “Para mim, [o assunto] está encerrado. O Congresso decidiu, tá decidido.”

    Sobre o desfile do comboio militar, o vice-presidente afirmou que não participou por não ter sido convidado com antecedência pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “O presidente não havia me avisado disso aí. Então, segui nas minhas atividades normais de uma terça-feira, só tomei conhecimento quando aconteceu o fato”, disse.

    Na segunda-feira (9), generais tanto da ativa como da reserva manifestavam, em caráter reservado, incômodo com o desfile militar em meio à votação em plenário da PEC do voto impresso.

    Na exibição, foi entregue a Bolsonaro um convite para que ele compareça à demonstração operativa, marcada para o dia 16 de agosto, no Campo de Instrução de Formosa, em Goiás. Mourão avisou hoje que não participará do treinamento.

    O vice-presidente, que é general da reserva do Exército Brasileiro, disse ainda, em tom irônico, acreditar que o desfile pode ter sido uma oportunidade de a Marinha apresentar seus veículos ao presidente com o objetivo de conseguir recursos para aprimorá-los.

    “A Marinha quis fazer uma homenagem ali ao presidente, apresentou ali o material que ela tem, talvez até no intuito de receber maiores recursos para dar uma melhorada”, afirmou. Repercutiu nas redes sociais ao longo desta terça-feira o estado dos veículos que integravam o comboio militar que percorreu a Esplanada dos Ministérios.

    Vice-presidente Hamilton Mourão com o presidente Jair Bolsonaro ao fundo
    Vice-presidente da República, Hamilton Mourão, com o presidente Jair Bolsonaro em evento da Força Aérea Brasileira em Pirassununga (SP)
    Foto: Divulgação/Bruno Batista/ VPR

    Ainda durante a passagem por Brasília, na terça-feira (10), o comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, disse que a exposição dos blindados, anfíbios, veículos de artilharia e lançadores de foguetes serve para que a população conheça os equipamentos, em uma espécie de prestação de contas à sociedade.

    Garnier minimizou as críticas feitas ao desfile de veículos militares e chamou de coincidência a votação da PEC do voto impresso no dia da demonstração. De acordo com o comandante da Marinha, “não houve nada além de uma passagem e de um pequeno grupo para que a população visse”. Ele ressaltou que “as Forças Armadas são extremamente cumpridoras da Lei e da Ordem”.

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