Moro pede que STF reitere entrega da íntegra da gravação
Após pedido da Advocacia-Geral da União, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) considere a entrega da gravação na íntegra da reunião ministerial do dia 22 de abril.
“Com todo respeito aos argumentos utilizados, parece óbvio, em primeiro lugar, que em uma reunião entre autoridades de tão alto escalão, devem ter sido, realmente, tratados assuntos de relevância nacional”, disse Moro.
“Eventuais colocações constrangedoras do Exmo. Presidente da República, passíveis de constatação durante esta reunião, sobre estes ou outros assuntos ali tratados, não são motivos aptos a impedir o atendimento da determinação de Vossa Excelência, pois não se revelam “segredo de estado” (como referido pela AGU, que estejam ligados, por exemplo, às Relações Exteriores), estes sim, uma vez detectados no exame a ser realizado por Vossa Excelência sobre os tais registros audiovisuais, passíveis de proteção através de sigilo parcial”, afirmou Moro.
Pouco antes, também nesta quinta-feira (7), a Advocacia-Geral da União (AGU) havia apresentado novo pedido ao ministro Celso de Mello para ser apresentada apenas a parte em que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro aparece.
Assista e leia também:
Leia a íntegra do depoimento de Sergio Moro à Polícia Federal
Moro x Bolsonaro: a cronologia de tensões desde 2019, segundo depoimento à PF
Entenda o caso
O governo alega que na reunião foram tratados ‘assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado’. A gravação da reunião está sob posse do chefe da Secretaria Especial de Comunicação (Secom), Fabio Wajngarten. Na terça-feira (5), o ministro havia dado 72 horas para o governo entregar gravações de uma reunião ocorrida entre o presidente e seus ministros, antevéspera da saída de Moro do Ministério da Justiça.
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-ministro Sergio Moro relatou à Polícia Federal que Bolsonaro anunciou, durante o encontro com o seu primeiro escalão de governo, que iria ‘interferir em todos os ministérios‘ e que, caso não conseguisse trocar o comando da Polícia Federal no Rio de Janeiro, ele trocaria o diretor-geral da corporação e o próprio ministro da Justiça.