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    Moro é cauteloso por saber que deveria ter acusado Bolsonaro antes, diz advogado

    Roberto Podval ainda classifica que as atitudes de Moro desde o início do processo não estão ocorrendo na esfera jurídica, mas pendendo para o lado político

    O advogado criminalista Roberto Podval afirmou à CNN, em entrevista nesta quarta-feira (13), que o ex-ministro Sergio Moro atua com cautela nas alegações sobre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) porque sabe que, se houve crime, ele teria cometido prevaricação ao não denunciar antes as pressões que teria sofrido para a suposta tentativa de interferência política nas atividades da Polícia Federal (PF).

    “Moro fala com cautela porque sabe que, se teve crime, ele tinha obrigação de ter agido”, avalia Podval. “Quando ele pede demissão naquela coletiva, ele cita o que passou. Ele não fez acusação porque deveria, no momento que o ato tivesse ocorrido, denunciar o presidente. Então, ele fica em em situação difícil em que não pode acusar o presidente. Se não tomou uma iniciativa, ele prevaricou”, completou.

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    Podval ainda classifica que as atitudes de Moro desde o início do processo não estão ocorrendo na esfera jurídica, mas pendendo para o lado político. Moro aqui não é o Moro magistrado, é o Moro político. Ele está fazendo política”, considerou. 

    O advogado também diz que vê que está em curso a montagem de “uma linha de defesa do presidente muito ligada à credibilidade que ele tem” e que o inquérito “caminha para o nada”. O motivo disso, segundo ele, é que as conclusões sobre o vídeo devem ser interpretativas e não práticas.

    “Sendo muito pragmático, o grande problema aqui é uma questão de prova. Ainda que tenha o vídeo, não vai ter o diálogo com as palavras exatas, porque a conversa não passa por esse nível de detalhamento”, avalia ele. “Todo mundo vai ter a sensação de que [o conteúdo do vídeo] mostra que aquilo era para um sentido determinado, mas vai acabar ficando na palavra de um e de outro. É um nível de prova que é difícil evidenciar, por isso acho que na prática será difícil comprovar o interesse que estava ali”, acrescentou.

    Por fim, Podval concluiu que o processo evidencia uma “crise ética absurda de todo mundo” e lamentou que o conflito político tenha se sobreposto ao debate sobre o combate da Covid-19. “É uma pena que isso tenha acontecido, principalmente nesse momento de pandemia que a gente vive”, encerrou.

    O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou nesta terça-feira (12) que o procurador-geral da República, o advogado-geral da União e os advogados do ex-ministro Sergio Moro se manifestem em 48 horas sobre o levantamento total ou parcial do sigilo que ainda incide sobre o vídeo da reunião ministerial de abril, que foi citado por Moro no depoimento à PF.