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    Moro diz que não serve mestre e que Bolsonaro não se compromete contra corrupção

    Ex-ministro afirma à revista americana 'Time' que não estaria em governo petista por falta de autocrítica, e que via necessidade de um 'recomeço' em 2018

    Da CNN, em São Paulo

    Em entrevista à revista americana Time, publicada nesta quinta-feira (21), o ex-juiz Sergio Moro afirmou que, antes mesmo da suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal, a sua permanência no governo vinha sendo “sugada de sentido”, nas palavras dele.

    “Eu não entrei no governo para seguir um mestre. Entrei para servir ao país e à lei”, afirmou, após ser confrontado com afirmações de que ele teria sido desleal com Bolsonaro. Moro evitou rebater o presidente e disse que “não tinha intenção de prejudicar o governo”. “Mas me sentiria desconfortável com a minha consciência se não explicasse por que estava saindo”, sustenta.

    Moro reiterou o discurso de que aceitou ser ministro da Justiça e Segurança Pública com a intenção de evitar que a Operação Lava Jato sofresse reveses. De acordo com o ex-ministro, esse sentido foi se esvaindo por dois fatores, segundo escreveu a Time: a “falta de apoio presidencial para medidas contra a corrupção” e as “aparentes alianças recentes com políticos acusados ou condenados por corrupção”. 

    Para justificar o apoio, Sergio Moro retorna em um ponto de uma divergência do final do ano passado dele com o presidente Jair Bolsonaro, a recusa do presidente em vetar trechos que o ex-juiz discordava na versão final do pacote anticrime aprovada pelo Congresso. “Tudo aquilo começou a tensionar, ou esvaziar de sentido, a minha permanência no governo. Eu não poderia estar em um governo que não tenha um sério compromisso no combate à corrupção e no estado de direito”.

    Questionado se, uma vez que seu objetivo era o combate à corrupção, teria aceitado o cargo de ministro mesmo em um eventual novo governo do PT, ele afirmou que não, porque o partido, a seu ver, não teria feito uma autocrítica pelos fatos revelados pela Lava Jato. “Eu simplesmente não poderia acreditar que seria possível sem reconhecer os erros do passado, por isso você precisava buscar um recomeço”, justificou.

    Moro chega a lamentar e dizer que, ao final, descobriu que o governo Bolsonaro também não teria compromisso com a sua agenda anticorrupção. “Infelizmente, o governo que foi eleito também não tinha isso”, afirmou à Time.

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    O ex-ministro da Justiça é apresentado aos leitores da revista americana como um dos personagens mais importantes da década na política brasileira, por ter causado sérios problemas a três presidentes: Dilma Rousseff (PT), cujo impeachment teria sido influenciado pelas revelações da Lava Jato, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado por ele na operação, e, agora, Jair Bolsonaro (sem partido)

    Questionado sobre as revelações do site The Intercept Brasil, com mensagens que evidenciariam falhas funcionais dele durante a operação, episódio que ficou conhecido como “Vaza Jato”, Sergio Moro afirmou que não cometeu erros nem malfeitos e que a liberação de um áudio entre Dilma e Lula, que levou o STF a suspender a nomeação do ex-presidente como ministro, era assunto de interesse público.

    “Eu tenho a consciência limpa sobre o que eu fiz durante a Lava Jato. Há uma tentativa para caracterizar tudo como uma perseguição política, de me colocar como se fosse um executor”, diz ele, argumentando que o ex-presidente Lula foi condenado em outras instâncias da Justiça. “Nunca foi um problema pessoal com o ex-presidente Lula, mesmo que a narrativa dele queira impor isso”, rebate.

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