Moraes prorroga inquérito que apura suposta interferência de Bolsonaro na PF
Para que as investigações sejam retomadas, é preciso que o STF marque o julgamento que vai definir se o depoimento do presidente será presencial ou por escrito
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, prorrogou nesta sexta-feira (23), por mais 90 dias, o inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro interferiu politicamente na Polícia Federal.
“Considerando a necessidade de prosseguimento das investigações, a partir do encerramento do julgamento do agravo regimental iniciado pelo Plenário em 08/10/2020, bem como a proximidade do recesso, nos termos previstos no art. 10 do Código de Processo Penal, prorrogo por mais 90 (noventa) dias, contados a partir do encerramento do prazo final anterior (27 de abril), o presente inquérito. Publique-se. Brasília, 22 de abril de 2021”, afirmou em trecho do despacho.
Para que as investigações sejam retomadas, é preciso que o STF marque o julgamento que vai definir se o depoimento do presidente Jair Bolsonaro à Polícia Federal será presencial ou por escrito.
Em outubro do ano passado, em sua última sessão, o ministro Celso de Mello votou a favor de que Jair Bolsonaro preste depoimento presencial — e não por escrito. Celso era relator do inquérito. Com a saída da corte, o ministro Alexandre de Moraes assumiu a relatoria do caso.
O depoimento é parte do inquérito que investiga suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal. O inquérito foi aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República após denúncia do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. No recurso, a Advocacia-Geral da União (AGU) pede que o presidente seja autorizado a enviar posicionamento por escrito.
Moro também prestou depoimento no inquérito como investigado. A apuração foi aberta depois que o ex-ministro, ao deixar o governo, acusou Jair Bolsonaro de tentar interferir politicamente na autonomia da Polícia Federal, solicitando relatórios de inteligência e pedindo trocas no comando da corporação.