Ministros do Supremo veem “traição” do governo em aprovação de PEC e dizem que “lua de mel acabou”
Papel do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), teria sido criticado, segundo fontes ouvidas pela CNN
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) viram “traição” do governo Lula na aprovação da PEC que limita decisões individuais na Corte e dizem, nos bastidores, que “acabou a lua de mel” com o Palácio do Planalto.
À CNN, um magistrado afirmou, em caráter reservado, que o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), desempenhou um “papel lamentável” na sessão desta quarta-feira (22).
A avaliação de integrantes do Supremo é que, embora tenha dito que o governo não emitiria posição sobre a proposta, Wagner deu sinal verde à base governista ao declarar voto favorável ao texto.
O resultado da sessão mostrou que senadores alinhados ao Planalto foram fundamentais para que a PEC tivesse 52 votos — três a mais do que o mínimo necessário.
De acordo com relatos feitos à CNN, a posição favorável de Wagner à PEC provocou a ira dentro do Supremo. Ministros chegaram a ligar para o time palaciano e para senadores que estavam no plenário em busca de explicações.
Ouviram, no entanto, que o movimento não havia sido combinado com o Planalto e que, assim como na Corte, ali também estavam todos surpresos.
Em outra frente, ainda durante o dia, antes do início da sessão, chegou ao Supremo a informação de que senadores teriam sido informados de um “acordo” com o tribunal para aprovar a proposta.
À CNN, ministros negaram qualquer tipo de acerto sobre a aprovação da PEC.
A avaliação no Supremo é que, agora, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deve deixar a proposta na gaveta.
Senadores ouvidos pela CNN disseram que Wagner justificou o movimento como necessário para que o governo consiga apoio na Casa a matérias da pauta econômica.
O aceno de Wagner e de outros senadores da base governista à proposta capitaneado pelo presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foi considerado fundamental para evitar a derrota do Planalto em propostas consideradas essenciais pelo time do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.