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    Ministro chama modelo de negócio de iFood e Mercado Livre de “altamente explorador”

    Segundo Luiz Marinho, empresas não querem negociar regulamentação de suas atividades; iFood diz que fala “não é verdadeira”

    Daniel TrevorLeandro Bisada CNN , Brasília

    O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, criticou, nesta segunda-feira (4), as plataformas de serviços de entrega por aplicativo que não negociaram a regulamentação de suas atividades. O ministro classificou o modelo de operação das empresas iFood e Mercado livre como “altamente explorador”.

    Luiz Marinho discursou durante o evento de assinatura e apresentação do projeto de lei que será encaminhado ao Congresso com a proposta para regulamentar a atividade dos serviços de aplicativo de transporte de passageiros, como Uber e 99. Representantes dessas companhias e de trabalhadores que usam as plataformas estiverem presentes no evento.

    O projeto, assinado nesta segunda pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e apresentado pela equipe do governo, não engloba as atividades exercidas pelas empresas de delivery, como iFood e Mercado Livre. Ambas foram citadas pelo ministro Luiz Marinho durante seu discurso.

    “Espero que, a partir desse projeto de lei, inclusive, influencie os demais segmentos para que a gente possa voltar à mesa. Não adianta o iFood mandar recado. E olha que manda recado, viu, presidente [Lula]? [O recado:] ‘Nós queremos conversar’. Nós conversamos um ano inteiro. Mas o fato é que iFood e as demais, Mercado Livre, enfim, diziam que o padrão dessa negociação não cabe no seu modelo de negócio. Porque é um modelo de negócio altamente explorador”, disse Marinho

    O ministro anunciou que pretende fazer outra proposta para regulamentar as plataformas de entrega. “É preciso que essas plataformas também cheguem na real e possam sentar para conversar. Mas precisam saber que é necessário estabelecer um padrão remuneratório, uma condição de cidadania, condição de vida digna aos trabalhadores”.

    Lula também discursou no evento. Assim como o ministro, o presidente também teceu críticas às plataformas de entrega e afirmou que o governo vai fazer pressão para que a atividade seja regulamentada.

    “Sei que o iFood é da Bahia e não quer negociar. Pois nós vamos encher tanto o saco que eles vão ter que negociar para fazer aquilo que vocês (dos aplicativos de transporte de passageiro) fizeram”.

    Outro lado

    A CNN procurou as empresas iFood e Mercado Livre. O iFood informou que a fala de “Marinho não é verdadeira”. Já o Mercado Livre afirmou que “diferente do que foi dito, [a empresa] atua de diferentes formas nesta agenda setorial”

    Veja a resposta do iFood na íntegra:

    Diante das afirmações feitas na cerimônia realizada no Palácio do Planalto, nessa segunda-feira, 04 de março, o iFood esclarece que não é verdadeira a fala do Ministro Luiz Marinho de que a empresa não quer negociar uma proposta digna para entregadores. O iFood participou ativamente do Grupo de Trabalho Tripartite (GT) e negociou um desenho regulatório para os entregadores até o seu encerramento. A última proposta feita pelo próprio Ministro Marinho, com ganhos de R$17 por hora trabalhada, foi integralmente aceita pelo iFood. Depois disso, o governo priorizou a discussão com os motoristas, que encontrava menos divergência na bancada dos trabalhadores.

    A empresa reforça que apoia desde 2021 a regulação do trabalho intermediado por plataformas e busca uma regulamentação para delivery que atenda as particularidades e necessidades diferentes dos motoristas, visando proteger os entregadores e preservar a sustentabilidade de seu ecossistema, que gera 873 mil postos de trabalho e atende 40 milhões de consumidores.

    Veja a resposta do Mercado Livre na íntegra:

    Sobre os comentários envolvendo o Mercado Livre, durante solenidade voltada à regulamentação do trabalho em aplicativos de transporte no país, realizada hoje (04) em Brasília (DF), a empresa esclarece que, diferente do que foi dito, atua de diferentes formas nesta agenda setorial, tendo participado ativamente desde o início da constituição e execução do Grupo de Trabalho (GT) junto ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

    Além disso, a empresa integra o Movimento Inovação Digital (MID), associação que reúne empresas digitais, e por meio da qual também reconhece e celebra os esforços do governo na direção de uma discussão regulatória com todas as partes impactadas.

    Apesar de ainda não ter tido acesso ao texto da proposta em questão, o Mercado Livre segue aberto ao diálogo e continuará trabalhando colaborativamente nesta agenda a partir das diferentes frentes nas quais já está presente.

    A empresa reitera que o reconhecimento do modelo de intermediação e dessa nova modalidade de trabalho, bem como a inclusão previdenciária, são pontos relevantes que ancoram temas fundamentais para o aprofundamento do debate junto ao Congresso Nacional e à categoria de entregas.

    Projeto de lei

    O projeto apresentado nesta segunda não prevê vínculo formal de trabalho. Mas propõe remuneração mínima e contribuição ao INSS. Os motoristas de aplicativos terão a garantia de receber, pelo menos, R$ 8,02 por hora trabalhada. As empresas vão pagar uma alíquota de 20% ao INSS; os trabalhadores entram com 7,5% complementares.

    As duas alíquotas vão incidir sobre o “salário de contribuição”, que não é o rendimento total dos trabalhadores, mas 25% do valor efetivamente recebido. Presume-se que o restante do rendimento é consumido por custos operacionais, como combustível e manutenção do veículo.

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