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    Ministério dos Povos Indígenas desembolsa mais de R$ 76 mil para bancar viagens de amigo de Guajajara

    Sem vínculo oficial com o governo, Hone Riquison Pereira Sobrinho recebeu um total de 53 diárias e passagens desde fevereiro do ano passado; ministério ainda não se manifestou

    Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara
    Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara 08/10/2023 - Reuters/Pilar Olivares

    Mayara da Pazda CNN

    Brasília

    O governo federal desembolsou R$ 76.234,94 para pagar diárias e passagens a um amigo pessoal da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

    A informação foi revelada pelo portal Metrópoles e confirmada pela CNN por meio do Portal da Transparência.

    Os recursos foram solicitados pelo gabinete de Guajajara ao Ministério da Gestão e da Inovação, responsável pela liberação e pagamento das diárias.

    Ao todo, os valores bancaram 53 dias de diárias e passagens a Hone Riquison Pereira Sobrinho, também conhecido como Hony Sobrinho.

    Durante a transição de governo, em 2022, Hony foi nomeado para integrar o grupo técnico de Povos Originários. Ele também já foi chefe de comunicação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), da qual Guajajara já foi coordenadora.

    As despesas começaram a ser feitas em fevereiro do ano passado, quando Hony participou da reunião do comitê do Fundo Amazônia, no Rio de Janeiro.

    Na ocasião, ele acompanhou a ministra, que também esteve presente na agenda. Na época, foram desembolsados R$ 5.017,38 com diárias e passagens.

    O gasto mais recente foi de R$ 167,50 e ocorreu no mês passado, para uma viagem ao Pará.

    Em março, Guajajara foi convidada para a Assembleia Geral da Associação Tato’a, mas designou o amigo como “colaborador eventual” por seu “profundo conhecimento da região” do povo indígena Parakanã.

    Colaborador eventual é uma categoria prevista na administração pública, destinada a pessoas sem vínculo com o governo, mas com “capacidade técnica específica” para a “execução de determinada atividade sob permanente fiscalização”. O posto não envolve remuneração.

    Ao Metrópoles, o Ministério dos Povos Indígenas disse que “adota essa forma de colaboração com respeito aos critérios normativos, selecionando cada colaborador com atenção a sua expertise e de acordo com a natureza da demanda”.

    A CNN entrou em contato com o Ministério dos Povos Indígenas sobre os valores e aguarda retorno. A reportagem também procurou Hony Sobrinho e aguarda resposta.

    Devolução de recursos

    Do total de R$ 76,2 mil gastos com diárias e passagens, o Portal da Transparência aponta a devolução de R$ 300,90 de uma viagem a Ilhéus (BA), realizada em janeiro deste ano, e que custou R$ 451,35.

    A plataforma do governo não informa quem foi o responsável pela devolução do valor, apenas que parte dos recursos foram devolvidos “pelo servidor ou por outra entidade que tenha financiado parte da viagem”.

    A viagem teve como objetivo acompanhar a investigação do ataque a pessoas da terra indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, situada no sul da Bahia.

    O Portal da Transparência não aponta outras devoluções.