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    Militares ganham cargos estratégicos no Ministério da Saúde

    Composição da equipe de Nelson Teich reflete acordos do governo Bolsonaro para costurar apoio tanto da ala militar como de partidos

    A equipe de Nelson Teich no Ministério da Saúde tem recebido nomes indicados pela ala militar do governo para cargos estratégicos. As mudanças, que vão se estender pelos próximos dias, reforçam o que secretários estaduais e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) estão chamando de “tutela” do Palácio do Planalto e da área militar, que já tem o secretário-executivo, o general Eduardo Pazuello, o segundo na hierarquia da pasta.

    Nessa quarta-feira (6), Teich disse que a nomeação dos militares não significa interferência direta do governo, mas uma resposta à necessidade de execução de trabalho em curto espaço de tempo e de forma organizada. 

    “Sou o líder de um grupo que é composto por vários secretários. Meu papel é de liderança e de execução”, afirmou o ministro. Ele declarou que é preciso “evitar essa polarização, se é um governo de militar ou não”. “Os militares têm competências que são muito importantes, o planejamento do trabalho em equipe, uma coisa organizada”, disse.

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    Ao menos 10 militares já ganharam ou devem ganhar cargos na pasta de Teich. Ao anunciar o ministro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a dizer que daria liberdade para o médico escolher parte da equipe, mas reconheceu que também indicaria nomes. “Ele vai nomear boas pessoas. Eu vou indicar algumas pessoas também, porque é um ministério muito grande”, disse Bolsonaro no dia 16 de abril.

    Departamento de compras

    Uma das principais mudanças previstas é a nomeação do coronel Alexandre Martinelli Cerqueira na Diretoria de Logística (DLOG), área responsável por compras do ministério. O militar deve ocupar a vaga de Roberto Ferreira Dias, indicado ao cargo pelo ex-deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) no começo do governo. 

    Normalmente, a DLOG realiza compras de medicamentos e outros insumos que somam cerca de R$ 10 bilhões anuais. Durante a pandemia do novo coronavírus, a pasta passou a fechar contratos de forma emergencial sem licitação.

    Gestores do SUS reclamam, desde a gestão de Luiz Henrique Mandetta (DEM), sobre promessas não cumpridas de compras para enfrentar a COVID-19. O ministério distribuiu 17,6% dos leitos de UTI (unidade de terapia intensiva), 3,3% dos respiradores, 20% dos testes rápidos (contraindicados para diagnóstico) e 3% dos testes RT-PCR (recomendados para diagnósticos), prometidos a estados e municípios.

    Loteamento em parcelas

    O loteamento de militares no ministério ocorre em parcelas. Nessa quarta, foram nomeados o tenente-coronel Marcelo Blanco Duarte como assessor no DLOG, o coronel da reserva Jorge Luiz Kormann como diretor de programa, o tenente-coronel Reginaldo Ramos Machado como diretor de Gestão Interfederativa e Participativa, a terceiro-sargento Emanuella Almeida Silva como coordenadora de pagamentos de pessoal e contratos administrativos, e o coronel da reserva Paulo Guilherme Ribeiro como coordenador-geral de Planejamento.

    Nos próximos dias devem ser nomeados ainda o tenente-coronel Cézar Wilker Tavares Schwab para o cargo de subsecretário de Planejamento e Orçamento, e o coronel Luiz Otávio Franco Duarte para o de subsecretário de Assuntos Administrativos. Teich tem sido acompanhado em reuniões por Pazuello, secretário executivo da pasta, apontado em tom irônico por secretários de Estados e municípios como verdadeiro chefe da Saúde. 

    “O secretário-executivo tem o papel de fazer as coisas acontecerem. Hoje um dos grandes problemas que a gente tem é velocidade, eficiência”, afirmou Teich. “O general Pazuello tem uma história de ter feito coisas grandes em execução. A razão de ele estar ao meu lado não é porque ele é militar, é porque ele é competente nisso, é eficiente.”

    O secretário-executivo-adjunto, também nomeado na gestão Teich, é o coronel Elcio Franco Filho. Gestores do SUS que participaram recentemente de reuniões com o ministro afirmaram que Teich parece “perdido” e sem dar uma diretriz sobre o que pretende fazer.

    A composição da equipe de Teich reflete acordos do governo Bolsonaro para costurar apoio tanto da ala militar como de partidos. A Secretaria de Vigilância em Saúde foi prometida ao PL. A pasta é ocupada atualmente pelo epidemiologista Wanderson Oliveira, que ganhou projeção ao formular a estratégia contra a COVID-19. 

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