Militares do governo lideraram evento com embaixadores, dizem fontes do Planalto
A decisão ignorou posicionamentos de membros da ala política
Interlocutores do presidente Jair Bolsonaro (PL) informaram à CNN que foram os militares do governo que lideraram a organização da reunião com embaixadores nesta segunda-feira, ignorando posicionamentos contrários de integrantes da chamada ala política do governo e da campanha.
Estiveram à frente do processo os ministros do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno; da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos; o ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira; o ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro, general Braga Netto.
Os três participaram aconselhando o presidente. Eles teriam pedido a Bolsonaro serenidade na sua fala e que não subisse o tom, em especial contra os ministros do Tribunal Superior Eleitoral. Apesar das críticas desferidas pelo presidente contra Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes, a avaliação no entorno do presidente foi de que ele conseguiu cumprir a missão dos generais.
Dentre os civis, o que esteve mais próximo do grupo foi o advogado-geral da União, Bruno Bianco, que ficou mais focado em evitar que a reunião infringisse a legislação eleitoral.
Por outro lado, integrantes da chamada ala política do governo e da campanha avaliavam nos bastidores como negativa a reunião, principalmente pela pauta. Na visão deles, ela não dá votos. Como a CNN revelou no dia 8 de junho, pesquisas internas do PL apontam que Bolsonaro perde apoio quando o discurso eleitoral é focado no ataque à urna eletrônica e ao processo eleitoral. Os levantamentos apontam que isso demonstra fragilidade eleitoral do presidente e acabam por afastar votos em potencial.
Segundo um dos políticos do entorno do presidente, ele sequer os consultou sobre a reunião. Não houve debate e o presidente apenas marcou a agenda. Isso em um momento em que a campanha comemora o retorno do otimismo após semanas de noticiário negativo.
Integrantes da campanha de Bolsonaro vinham satisfeitos nos últimos dias com o que consideram um presidente mais aberto a ouvir os aconselhamentos do marketing da campanha. Afirmam ainda que mesmo que a PEC das bondades ainda demore algumas semanas os benefícios cheguem ao bolso do eleitorado, só a informação de que um pacote social foi aprovado sob a liderança do presidente já fez com que as pesquisas diárias da campanha se movessem favoravelmente ao presidente nas classes mais baixas do eleitorado, justamente as maiores em número de eleitores.
Debate
A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.
