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    Mayra Pinheiro teme ‘espetáculo circense’ na CPI da Pandemia, diz senador

    Para Marcos do Val (Podemos-ES), senadores estão usando a CPI de palanque para criticar o governo federal

    Gregory Prudenciano e Jorge Fernando Rodrigues, da CNN, em São Paulo

    A preocupação demonstrada Mayra Pinheiro por conta de seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia está relacionada com o “espetáculo circense” em que se transformaram as oitivas do inquérito, disse à CNN, nesta sexta-feira (21), o senador Marcos do Val (Podemos-ES), suplente na CPI. 

    Segundo do Val, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, conhecida pelo apelido de “Capitã Cloroquina”, percebe que a comissão está sendo usada de “palanque” e que há a construção de uma narrativa que atribui ao governo federal a maior responsabilidade pelas mortes em decorrência da Covid-19 no Brasil. 

    Nesta sexta-feira, Mayra Pinheiro apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para que o ministro Ricardo Lewandowski reconsidere sua decisão de rejeitar um habeas corpus que garantiria à secretária do Ministério da Saúde o direito de permanecer em silêncio durante seu depoimento, marcado para a próxima terça-feira (25). 

    “Eu acho que a preocupação dela é porque essas oitivas estão virando um espetáculo circense. Até, na semana passada, tinha um pedido para o presidente [da CPI] Omar Aziz trocar o relator, que está fazendo um trabalho muito passional”, opinou Marcos do Val, em referência ao senador Renan Calheiros (MDB-AL). 

    O senador pelo Espírito Santo disse ainda que a CPI tornou-se um local de muita exposição das testemunhas, que são inquiridas pelos senadores “ao vivo, para o mundo inteiro”. “Tem uma preocupação da imagem, da carreira e da honra da pessoa. A família está assistindo, os amigos”, argumentou.

    Mayra Pinheiro foi apontada pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello como a responsável pelo aplicativo TrateCOV, que auxiliava médicos a receitarem medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19 aos doentes, como a ivermectina e a hidroxicloroquina. Defensora do chamado “tratamento precoce”, Mayra ganhou o epíteto de “Capitã Cloroquina” nas redes sociais.

    O apelido foi citado pelo relator da CPI, Renan Calheiros, e apareceu no novo pedido feito pelo advogado de Mayra ao STF, sob o argumento de que o senador reproduziu uma ofensa e que, por isso, há a necessidade do habeas corpus para que ela não seja agredida na CPI.

    Inicialmente, seu depoimento estava marcado para quinta-feira (20), mas teve de ser adiado quando a oitiva de Pazuello foi dividida em duas sessões. 

    Na terça-feira (18), Lewandowski negou o pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Mayra porque ela não é investigada, sendo “o direito de permanecer calada […] é reservada àqueles que são interrogados na condição de investigados, acusados ou réus por alguma autoridade estatal”, escreveu o ministro em seu despacho. 

    Lewandowski ainda ressaltou que Mayra tem a obrigação de comparecer à CPI e prestar depoimento como testemunha por ser servidora pública.

    Mayra Pinheiro
    A secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro vai depor à CPI da Pandemia na terça-feira (25)
    Foto: Júlio Nascimento/PR

    Responsabilidade de estados e municípios

    Embora se declare como independente no Senado, Marcos do Val repetiu à CNN as críticas à CPI que vem sendo usadas pelos senadores governistas, com destaque para o argumento de que a comissão, controlada por uma maioria de independentes e de oposicionistas, não está investigando o suficiente governadores e prefeitos — para do Val, os principais responsáveis pelas mortes da pandemia. 

    O parlamentar afirmou que o governo federal tem feito sua parte no combate à Covid, principalmente no envio de recursos aos entes federados, e pontuou que eventuais erros da administração Jair Bolsonaro (sem partido) estariam relacionados ao ineditismo da situação. “A pandemia é nova, o mundo nunca vivenciou isso, só agora estamos vendo o que era certo e o que era errado, o que poderia ter sido feito e o que não poderia”, sustentou. 

    “Está havendo uma tentativa persistente de botar a culpa no governo federal e está cada vez mais claro que as responsabilidades são e foram dos governos estaduais e municipais”, ratificou do Val.

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