Mauro Cid depõe fardado e decide ficar em silêncio na CPI da Câmara do DF
Tenente-coronel compareceu à sessão no Legislativo do DF enquanto outro ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, sargento Luis Marcos dos Reis, depõe à CPMI do 8 de Janeiro no Congresso
O ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid compareceu fardado, nesta quinta-feira (24), à CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (DF), e decidiu permanecer em silêncio diante dos questionamentos dos deputados distritais.
A sessão que recebe Cid acontece ao mesmo tempo em que, no Congresso, os parlamentares da CPMI do 8 de Janeiro ouvem outro ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o sargento Luis Marcos dos Reis.
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A convocação de Mauro Cid à Câmara do DF tinha como objetivo a prestação de esclarecimentos sobre os atos criminosos de 8 de janeiro contra as sedes dos Três Poderes e os tumultos e tentativa de invasão à sede da PF em Brasília, em 12 de dezembro.
Após uma declaração inicial de cerca de quatro minutos na qual descreveu as funções da ajudância de ordens, Cid comunicou que exerceria seu direito de permanecer em silêncio.
Em sua breve fala, Cid afirmou que a ajudância é uma função “exclusivamente de natureza militar”. Ele listou as atribuições do cargo, incluindo “receber as correspondências e objetos entregues ao presidente da República em cerimônias e viagens e encaminhar aos setores competentes”. Cid é um dos investigados pela Polícia Federal (PF) no caso das joias.
“Em respeito ao Congresso Nacional e seguindo na mesma linha adotada naquela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito e sem qualquer intenção de desrespeitar a Vossa Excelência e os trabalhos conduzidos pela CPI, considerando a minha inequívoca condição de investigado e por orientação da minha defesa técnica, farei uso em toda a comissão do meu direito constitucional ao silêncio”, concluiu o tenente-coronel.
Mauro Cid, assim como fez em 11 de julho na CPMI do 8 de janeiro, compareceu à sessão trajado com sua farda militar.
Segundo apuração do analista da CNN Gustavo Uribe, a presença dele fardado foi criticada nos bastidores por generais da ativa e da reserva.
O Ministério Público Militar (MPM) chegou a cobrar explicações do Comando do Exército para a razão de Cid ter usado farda. O Centro de Comunicação Social do Exército tinha informado que Cid foi orientado a usar farda “pelo entendimento de que o militar da ativa foi convocado para tratar de temas referentes à função para a qual fora designado pela Força”. Após a cobrança do MPM, o setor jurídico do Exército enviou ofício no qual alegou que não houve “orientação formal”.
CPMI reconvoca Cid e ouve outro ex-ajudante de ordens
Na sessão desta quinta-feira (24), os parlamentares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro aprovaram a reconvocação de Mauro Cid.
O requerimento foi votado logo antes da Comissão ouvir outro ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o sargento Luis Marcos dos Reis.
Reis também é apontado como responsável pela movimentação atípica de R$ 3,34 milhões entre 1º de fevereiro de 2022 e 8 de maio para o coronel Mauro Cid, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Para o Coaf, a movimentação possui indícios de lavagem de dinheiro.