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    Maurício Pestana: qual será a face preta do governo Lula

    Do ponto de vista racial, a aposta está sendo esperada muito mais na sensibilização do presidente pela causa do que pela força política no Congresso

    Maurício Pestanada CNN

    A menos de uma semana de ser diplomado como novo presidente da República, cresce a expectativa de como será a nova cara do governo eleito.

    Nos bastidores de Brasília as opiniões são muitas, porém o grande número de pessoas trabalhando na equipe de transição faz com que qualquer aposta possa ser errada, pois nesses casos, além daqueles que correm por dentro, nesta equipe mais próxima do poder, existem também os que correm por fora com seus caciques e apadrinhados políticos que terão, sim, grandes chances de serem premiados com um ministério.

    Afinal, o presidente ainda não conta com uma base sólida de apoio e a oposição hoje tem a maioria das cadeiras.

    Do ponto de vista racial, a aposta está sendo esperada muito mais na sensibilização do presidente pela causa do que pela força política no Congresso, uma vez que, mesmo aumentando um pouco a bancada negra em Brasília, outras forças políticas que já orbitavam o planalto saíram mais fortalecidas no pleito deste ano, principalmente bancadas como as: evangélica, ruralista e até a da bala, todas muito alinhadas com o velho centrão, grupo composto em sua maioria por homens brancos, de centro, direita e conservador.

    Mas julgando pelo histórico e trajetória do presidente Lula e também por algumas de suas falas, dificilmente não terá uma ou mais caras pretas no alto escalão de seu governo, uma cara preta que represente os mais de 56% da população deste país.

    Foi assim no seu primeiro governo onde o racismo no Brasil era menos escancarado, é assim que se espera nesta segunda década deste milênio onde a pauta racial deixou de ser uma tarefa do movimento negro e passou a ser um debate internacional, sobretudo, após o advento de George Floyd.

    Mediante essas constatações começam as apostas, as especulações e com vários nomes sendo lembrados. São representações ora políticas, ora mais técnicas e tem até as midiáticas. Neste difícil quadro, a aposta está mais para “em quem eu gostaria de ver como ministro ou ministra negra” do que dizer quem realmente tem grandes chances de chegar lá.

    Como analista, eu ainda gostaria de ver uma cara preta nos lugares em que historicamente nunca tivemos pessoas pretas ocupando cargos, em que já tem negros e negras preparados para tanto.

    Exemplo: por que não uma mulher negra como ministra das Relações Exteriores? Já entrevistei uma das poucas embaixadoras negras brasileiras, que serviu inclusive na Suíça, França e em outros países da chamada “primeira” linha do Itamaraty. Falo de Maria Laura, por que não uma mulher desta envergadura como chanceler? Seria realmente uma mudança de 180% no início deste governo.

    *Este texto não representa, necessariamente, a opinião da CNN Brasil

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