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    Maurício Pestana: A cor do fracassado golpe

    O que chama atenção não é apenas a cor verde-amarelo das camisetas, mas sim a cor da maioria dos manifestantes e de grande parte dos que estão aparecendo agora como financiadores, incentivadores e articuladores do fracassado golpe

    Maurício Pestana

    A primeira semana após o recesso de fim de ano começou pesada. As violentas manifestações com depredações ao patrimônio público registradas em Brasília entraram para a história como a mais dura ameaça à democracia registrada desde o fim da ditadura militar.

    O que chama atenção, principalmente para um olhar mais atento de quem cobre diversidade e igualdade racial, não é apenas a cor verde-amarelo da camisa dos manifestantes, mas sim a cor da maioria dos manifestantes e de grande parte dos que estão aparecendo agora como financiadores, incentivadores e articuladores do fracassado golpe.

    Uma minoria avessa não apenas à democracia, mas também a tudo que ela representa como igualdade, diversidade e inclusão, pautas ignoradas pelo antigo governo.

    É cada vez mais difícil nas sociedades contemporâneas como a brasileira desassociarmos da pauta econômica e política questões como: diversidade e inclusão.

    Nossas estruturas sociais e econômicas foram forjadas no escravagismo e depois no processo de exclusão racial acentuado no século 20.

    Hoje brancos pobres ou uma parcela de classe média decadente e ignorante, muitos dos quais descendentes daqueles privilegiados por terras ou outros benefícios advindos das escravidão ou das regalias do pós-escravidão veem suas benesses cada vez mais questionadas por uma pseudo-ameaça comunista que, no fundo, apenas acena com algumas poucas migalhas de igualdade num dos países mais desiguais do mundo.

    É difícil falar em democracia com quem se consolidou ou descende daqueles que se estruturaram economicamente no século 20, onde em mais da metade do tempo fomos dirigidos por governos autoritários.

    É difícil falar em democracia para quem sempre se mostrou insensível diante da pobreza, da miséria que no Brasil tem cor e endereço: as periferias das grandes cidades e não dos longínquos rincões do agro ou até mesmo dos bairros da classe média abastada das férias de Orlando.

    Falar de democracia para analfabeto político é pregar no deserto, porém é exatamente nesse deserto que a democracia tem que chegar com seu maior propósito que é educar para a justiça social.

    Que a justiça seja neste caso dura e traga consigo a maior e mais simples das lições para os analfabetos políticos: Só a democracia pode verdadeiramente nos dar a ordem e progresso estampadas em muitas das bandeiras carregadas pelos analfabetos políticos das depredações.

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