Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Marta deixa cargo na gestão Nunes após três anos: veja o que se sabe sobre a situação política da ex-prefeita

    Saída de Marta da administração municipal abre caminho para que ela seja confirmada como vice de Guilherme Boulos, pré-candidato do PSOL à administração municipal

    Douglas Portoda CNN*

    São Paulo

    A ex-prefeita Marta Suplicy (sem partido) deixou o cargo de secretária de Relações Internacionais na Prefeitura de São Paulo, na última terça-feira (9), três anos após sua nomeação.

    A decisão aconteceu após uma reunião com o prefeito Ricardo Nunes (MDB). A saída abre caminho para que Marta retorne ao PT e seja confirmada como vice de Guilherme Boulos (PSOL) na chapa que disputaria as eleições municipais de outubro.

    Entenda, a seguir, os acontecimentos que levaram a sua saída da prefeitura.

    Como Marta chegou à gestão Nunes?

    Em 1º de janeiro de 2021, Marta foi nomeada pelo então prefeito Bruno Covas (PSDB) para a Secretaria de Relações Internacionais.

    Aliada de Covas desde a campanha, a ex-prefeita foi uma das apostas do tucano para frear o crescimento de Guilherme Boulos (PSOL) na periferia da cidade no pleito de 2020.

    Após a morte de Covas, em maio de 2021, Marta foi mantida no cargo por Nunes, que era vice-prefeito e assumiu a gestão. Ela deixou o cargo apenas agora.

    O que Marta alegou para deixar o cargo?

    Em sua carta de demissão, Marta disse que o cenário político da cidade “prenuncia uma nova conjuntura”.

    “Como em outras passagens de minha vida pública, seguirei caminhos coerentes com minha trajetória, princípios e valores que nortearam toda a minha vida pública e que proporcionaram construir o legado que me trouxe até aqui”, prossegue.

    Qual episódio marcou a ruptura com Nunes?

    A reunião de Marta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o episódio que marcou a ruptura da ex-secretária com Nunes. No encontro no Planalto, Lula sondou Marta sobre a possibilidade de retornar ao PT e ser vice de Boulos.

    O prefeito tomou essa decisão, segundo fontes ouvidas pela CNN, porque estava acompanhando pela imprensa a aproximação da ex-prefeita com Lula e o deputado federal, pré-candidato do PSOL ao Executivo municipal.

    O que a gestão Nunes disse sobre a saída de Marta?

    Em nota oficial, a prefeitura disse que “ficou decidido, em comum acordo, que ela [Marta] deixa as suas funções na Secretaria Municipal de Relações Internacionais”.

    Qual é o futuro político de Marta?

    A saída de Marta da administração municipal abre caminho para que ela formalize o apoio a Boulos e participe de um evento de pré-campanha, que, segundo fontes do PT, deve ter a presença de Lula.

    Marta já fez algum anúncio oficial sobre o que fará na eleição?

    Até o momento, a ex-prefeita não se manifestou sobre o que fará na eleição municipal de 2024.

    Qual foi a reação do mundo político à movimentação envolvendo Marta?

    A possível volta de Marta ao PT está incomodando uma ala da sigla que até hoje não aceitou seu voto favorável ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

    Integrante do Diretório Nacional do PT, Valter Pomar, acusou Marta de traição e cobrou que a possibilidade de retorno vá à votação no partido.

    “Senadora eleita pelo PT, Marta traiu seu eleitorado e seu Partido, votando a favor do golpe contra Dilma. Desconheço que ela tenha feito alguma autocrítica a respeito. E, em qualquer caso, não vejo porque trazer de volta para casa quem praticou tamanha violência”, divulgou em texto a outros petistas.

    A manifestação pública representa o pensamento de uma ala do PT considerada anti-Marta Suplicy. Em 2016, Marta já integrava o MDB. Como senadora, apoiou o impeachment na votação que confirmou o afastamento definitivo de Dilma.

    Por sua vez, os bolsonaristas disseram que Nunes errou ao não adotar uma postura firme diante da aproximação da ex-prefeita com Lula, que começou ainda em 2023.

    *Com informações de Pedro Venceslau e Adriana de Luca