Marina Silva e Rede confirmam apoio à pré-candidatura de Haddad ao governo de SP
Ex-ministra tem nome cogitado para ser pré-candidata a vice do petista, mas deve disputar vaga na Câmara dos Deputados
A Rede Sustentabilidade oficializou neste sábado (11), na capital paulista, o apoio a Fernando Haddad (PT) na disputa pelo governo de São Paulo. O cargo de vice na chapa de Haddad ainda não está definido. O petista gostaria de ter Marina Silva (Rede) como vice. Há, porém, resistências no próprio PT.
No encontro deste sábado, o petista e a ex-ministra deixaram em aberto a possibilidade. Marina afirmou que há um debate dentro e fora da Rede de que é fundamental a “melhoria do Congresso Nacional”. “Estou apta sim a ser candidata a deputada federal por São Paulo”.
Haddad, por sua vez, se esquivou de responder se Marina era a “vice de seus sonhos”. Ele disse que a composição depende do desenho final da coalizão de apoio à sua candidatura, o que espera estar definido ainda neste mês. “Aí sim, vamos definir a chapa majoritária.”
“Tenho divergências com o PT. Mas trato as divergências políticas com diálogo. É isso o que posso dizer”, afirmou a ex-ministra e ambientalista, ao responder perguntas de jornalistas sobre o assunto.
Com residência em São Paulo, ela pode ser candidata a uma vaga na Câmara dos Deputados, em Brasília, ou assumir a posição de vice-governadora de São Paulo. Outro nome cogitado nos bastidores para possível vice de Haddad é o de Marina Helou, que foi candidata à Prefeitura da capital em 2020 e, hoje, é deputada estadual.
Marina Silva nasceu em Rio Branco, no Acre, e na infância recebeu tratamentos de saúde na capital paulista. “Tenho uma relação política, familiar e de muita gratidão por tudo que São Paulo fez pela minha vida por três vezes em que os médicos disseram que a coisa estava feia para mim.”
“Democracia é algo para ser exercitado mesmo”, disse a ex-ministra e ambientalista ao iniciar sua fala no evento ‘O Futuro de São Paulo é sustentável’. Ela citou a guerra na Ucrânia, disputas ambientais e a “guerra política” no Brasil. “A forma como se ganha vai determinar a forma como se governa”, afirmou, se referindo ao que poderá acontecer no país caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja reeleito.
Recém-curada de uma contaminação por Covid-19, ela pediu desculpas pelo cansaço e, acompanhada por Marina Helou (Rede), agradeceu a Deus pela oportunidade de estar ao lado do antigo companheiro dos governos do PT. “Eu já fui, há muito tempo atrás, a senadora mais jovem do Brasil”, ressaltou, sobre seu mandato no Senado iniciado em 1995. Quando ela foi ministra do Meio Ambiente, Haddad ocupava o Ministério da Educação.
Diretrizes do partido, que tem Marina como uma das fundadoras, foram entregues a Haddad antes do encontro. O documento fala sobre a necessidade de preservação de áreas ambientais no estado, demarcação de terras indígenas, representatividade feminina na política, desenvolvimento de políticas econômicas, combate ao racismo, entre outros temas.
Desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips
Após o evento, o “Estadão” questionou Marina Silva sobre a responsabilidade do governo federal no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips na Amazônia. Ela atribui o desfecho à ausência do Estado na região oeste do Amazonas.
“A responsabilidade é, em primeiro lugar, da ausência do Estado. Temos vários povos isolados que deveriam ter a proteção do Estado. O Estado é omisso, faz um discurso de incentivo à violência. Eles estavam fazendo o trabalho que o governo não faz, o jornalista e o indigenista.”