Manifestações com baixa adesão confirmam desafios da oposição a Bolsonaro
Movimentos e partidos que defendem o impeachment ou mesmo são apenas críticos ao presidente não conseguem unificar discurso e nem mobilizar grande parte da população
Depois de manifestações sem grande adesão popular em 18 capitais e no Distrito Federal neste domingo (12), as forças de oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) terão pela frente nas próximas semanas os desafios de superar rusgas e colocar grupos divergentes em sintonia para tentar mobilizar protestos maiores pelo impeachment do presidente.
Organizados pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e pelos grupos Vem Pra Rua e Livres, os atos deste domingo atraíram presidenciáveis de campos diferentes como os ex-ministros Ciro Gomes (PDT) e Luiz Henrique Mandetta (DEM), mas partidos como PT e PSOL não participaram e se articulam com outros movimentos para um protesto pelo impeachment previsto para 2 de outubro.
Em meio a essa divisão, a mobilização popular ficou pelo caminho e não endossou pesquisas como a divulgada em julho pelo Datafolha – 54% se declararam a favor do processo de impeachment, mas as manifestações de 7 de setembro em apoio a Bolsonaro, apesar de terem tido uma adesão mais baixa do que o esperado, ainda foram superiores às da oposição neste domingo. Tomando São Paulo como exemplo, a Polícia Militar estimou cerca de 125 mil pessoas na Paulista a favor do governo, enquanto neste domingo apontou aproximadamente 6 mil presentes.
A dificuldade de unidade vem desde a proposta da mobilização. A articulação dos protestos deste domingo começou em julho com o mote “Nem Bolsonaro, Nem Lula”, em uma tentativa de unificar as forças que projetam para 2022 candidaturas mais próximas ao campo do centro.
Só na última semana o mote foi trocado para “Fora Bolsonaro” em busca de uma ampliação da frente. A mudança não foi suficiente para atrair PT e PSOL. E apesar da alteração, o antigo slogan ainda foi exibido por manifestantes neste domingo. Na avenida Paulista, surgiu, inclusive, uma nova versão do Pixuleco, boneco inflável de Lula vestido de presidiário. Desta vez o boneco é duplo e tem Bolsonaro abraçado ao petista.
Para a próxima tentativa, o diálogo sobre o ato de 2 de outubro envolve, por enquanto, nove partidos: PT, PDT, PSB, PSOL, PCdoB, PV, Solidariedade, Rede e Cidadania.
O avanço do diálogo do MBL e do PSDB com o PT parece difícil. Em relação ao MBL, os petistas têm na memória a campanha pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e os duros ataques do grupo ao partido.
Pelo lado tucano, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, afirmou à CNN, na última quinta-feira (9), que a legenda não caminhará ao lado do PT. Além de superar expressivas fissuras, a oposição teria de encontrar o tom mais adequado para puxar manifestações.
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Ato no Rio teve o impeachment como a principal bandeira, mas alguns grupos também criticam possível candidatura de Lula (PT)
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O governador de São Paulo, João Doria, durante protesto contra o governo Bolsonaro na Avenida Paulista
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O ex-ministro Ciro Gomes e pré-candidato pelo PDT à presidência da República em 2022, discursa durante protesto pedindo o impeachment de Bolsonaro
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Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, em protesto contra o governo Bolsonaro, na Avenida Paulista
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O candidato a presidência em 2018 João Amoêdo, do Partido Novo, durante manifestação contra o governo Bolsonaro, na Avenida Paulista
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A Deputada Tabata Amaral (sem partido) em protesto contra o governo Bolsonaro
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A senadora Simone Tebet (MDB-MS) durante manifestação contra o governo Bolsonaro, na Avenida Paulista
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O deputado federal, Kim Kataguiri (DEM-SP), discursa durante protesto pedindo o impeachment de Bolsonaro
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Bonecos de Lula e de Bolsonaro são vistos entrelaçados durante manifestação na Avenida Paulista
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Grupo MBL faz primeiros discursos na manifestação na Avenida Paulista
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Membros do MBL em ato contra o presidente Bolsonaro na Avenida Paulista
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Manifestantes contra o governo Bolsonaro em São Paulo ocupam parte da Avenida Paulista
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Manifestante durante protesto no Rio de Janeiro
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Concentração para o protesto na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, neste domingo (12)
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Mulher com pacote de feijão durante protesto contra o governo Bolsonaro neste domingo (12), no Rio de Janeiro
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Manifestantes realizaram na manhã de hoje protestos contra o governo do presidente Jair Bolsonaro
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Manifestantes começam ato contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) neste domingo (12) em Copacabana, zona sul do Rio
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Atos contra o governo Bolsonaro em Belo Horizonte, Minas Gerais
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Manifestantes se reúnem em Manaus, no Amazonas, neste domingo (12)
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Atos do MBL contra o governo Bolsonaro na Praça da Liberdade em Belo Horizonte (MG)
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Protesto contra o presidente Jair Bolsonaro na região da Barra em Salvador (BA)
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Ato no Rio de Janeiro também contou com cobranças a Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara
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Manifestantes contra Bolsonaro em ato convocado pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e pelo Vem Pra Rua, neste domingo (12), no Marco Zero, centro de Recife
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Placa de manifestante no Rio de Janeiro cita alta de preços
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Apoiadores que buscam a chamada "terceira via" nas eleições de 2022 foram chamados à manifestação
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Manifestantes participam de protesto pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro
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Manifestação contra o governo Bolsonaro, na Avenida Goethe, em Porto Alegre
Crédito: Bruna Macedo/CNN
Até o protesto do começo de outubro, o país verá a CPI da Pandemia se aproximar do fim. O relatório da comissão, que tende a consolidar denúncias contra o governo Bolsonaro, deve ser votado no dia 29.
Além das denúncias da CPI e da crise institucional, sobretudo com o Poder Judiciário, o governo se vê às voltas com problemas como a inflação em alta, o desemprego e os riscos da crise hídrica.
Por enquanto, o governo Bolsonaro desfruta do alívio que a declaração divulgada na última quinta-feira (9) trouxe. Depois de dizer em discurso no dia 7 que não cumpriria decisões judiciais do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a crise institucional se agravou com reações do Judiciário, do Legislativo e dos partidos.
Na quinta, o presidente Bolsonaro publicou uma carta em que disse não ter tido a intenção de agredir outros poderes. O gesto para tentar amenizar a crise contou com o apoio do ex-presidente Michel Temer (MDB), que colaborou na redação da carta e intermediou uma ligação telefônica entre o presidente e Moraes. De quebra, ajudou a ofuscar as articulações dos atos da oposição.
O governo também permanece com apoio suficiente na Câmara dos Deputados para impedir a abertura do processo de impeachment. As dezenas de pedidos da oposição estão paradas nas mãos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
*Com informações de Iuri Pitta, Leandro Resende e Renata Agostini, da CNN