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    Mandetta e Bolsonaro acumularam semanas de embates; relembre

    O substituto de Mandetta será o médico oncologista Nelson Teich

    Demitido hoje (16) do cargo de ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM) acumulou semanas de embates públicos e privados com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre como o governo federal deveria atuar no combate à pandemia do novo coronavírus. O substituto de Mandetta será o médico oncologista Nelson Teich.

    Mandetta sempre foi defensor de medidas de isolamento social criticadas por Bolsonaro, e cético a respeito do uso da hidroxicloroquina, também encampada pelo presidente mesmo sem comprovação científica suficiente de sua eficácia contra a COVID-19. 

    A seguir, relembre alguns dos momentos mais críticos no histórico da relação entre Bolsonaro e Mandetta.

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    15 de março de 2020: Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro organizaram manifestações em diversas cidades do país, mesmo com a pandemia já declarada na época. No mesmo período, Mandetta alertou para o alto risco de contaminação em manifestações, devido às aglomerações. Apesar disso, o presidente ignora a orientação e comparece ao ato pró-governo organizado em Brasília.

    17 de março: Mandetta declara que as aglomerações foram um “equívoco” diante da crise do coronavírus no país. 

    24 de março: Bolsonaro faz pronunciamento em rede nacional criticando as medidas decretadas pelos governadores e prefeitos para conter o coronavírus, dizendo que “algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada”.

    28 de março: Carreatas ocorrem em vários estados do país com o objetivo de defender a retomada das atividades econômicas. Enquanto Bolsonaro elogia as carreatas, Mandetta afirma que não era hora de fazer esse tipo de manifestação, e que “os mesmos que fazem carreata vão ficar em casa”. 

    29 de março: Bolsonaro desrespeita distanciamento social ao visitar áreas de comércio no Distrito Federal.

    30 de março: Em entrevista coletiva ao lado de outros ministros, Mandetta limita-se a afirmar que o combate à pandemia deveria ser o foco do trabalho de todos. 

    31 de março: Em novo pronunciamento em rede nacional, Bolsonaro cita trecho de fala do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, para afirmar que a organização defendia o retorno ao trabalho. Após a declaração, Mandetta negou que a OMS tivesse defendido o retorno das pessoas ao trabalho, e que ainda era necessário a manutenção das quarentenas decretadas pelos estados.

    O diretor da OMS, por sua vez, foi ao Twitter para dizer que “pessoas sem fonte de renda regular ou sem qualquer reserva financeira merecem políticas sociais que garantam a dignidade e permitam que elas cumpram as medidas de saúde pública para a COVID-19, recomendadas pelas autoridades nacionais de saúde e pela OMS”. 

    3 de abril: Aprovação de Mandetta cresce em meio à crise do coronavírus e fica acima da de Bolsonaro, mostra pesquisa Datafolha. Segundo o levantamento, 76% da população considerava como “bom” o desempenho do Ministério da Saúde frente à crise do coronavírus. Além disso, 51% das pessoas ouvidas afirmaram que a postura do presidente mais dificultou do que ajudou durante a pandemia. 

    5 de abril: De forma velada, Bolsonaro faz ameaça pública a Mandetta e diz que “hora dele vai chegar”.

    6 de abril: Nos bastidores, crescem os rumores sobre a demissão de Mandetta. Funcionários se reúnem em frente ao Ministério da Saúde para apoiar o ministro. Lideranças do Congresso Nacional fazem chegar ao Planalto que são contra a demissão. 

    11 de abril: Bolsonaro visita hospital de campanha na cidade de Águas Lindas (GO) e provoca aglomeração ao ir ao encontro de apoiadores. Mandetta afirmou: “Posso recomendar [às pessoas a evitarem a aglomeração], não posso viver a vida das pessoas. As pessoas que fazem uma atitude dessa, hoje, daqui a pouco serão as mesmas que estão lamentando”.

    12 de abril: Mandetta dá entrevista ao “Fantástico”, da Rede Globo, e escancara suas divergências com Bolsonaro. O ministro diz que esperava que o governo tivesse “uma fala única” em relação ao combate ao coronavírus. 

    14 de abril: O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), diz ao jornal O Estado de S.Paulo que Mandetta cometeu “falta grave” e “não precisava ter dito certas coisas” na entrevista ao “Fantástico”. Apesar da crítica a Mandetta, Mourão opinou que o mandatário não deveria trocar de ministro naquele momento.

    15 de abril: Em entrevista coletiva, Mandetta e sua equipe falam abertamente sobre o momento de transição de comando no Ministério da Saúde. “Se vier outra pessoa, se precisar, é para ajudar, é para permanecer”, disse o ministro

    16 de abril: Em uma live com líderes do setor de saúde, o ministro da Saúde fala abertamente sobre a sua saída da pasta: “Pode ser hoje, pode ser amanhã”. “Nós vamos ter todo cuidado, por que o nosso foco é o vírus. Nós vamos cuidar para amparar quem vai assumir o cargo”, diz Mandetta.

    Horas depois, no Twitter, Luiz Henrique Mandetta anuncia que foi demitido do Ministério da Saúde por Bolsonaro. O substituto é o médico oncologista Nelson Teich.

     

     

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