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    Lula se compara a Chávez e diz que foi vítima de “narrativa” que associava venezuelano ao demônio

    Presidente da República afirmou que foram construídas mentiras durante os processos que enfrentou na Operação Lava Jato

    Douglas Portoda CNN , em São Paulo

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, nesta terça-feira (30), no encerramento da cúpula dos presidentes da América do Sul, que uma narrativa colocou Hugo Chávez, o ex-presidente da Venezuela, como um “demônio”. O chefe do Executivo manifestou que o mesmo aconteceu com ele durante os processos que enfrentou na Operação Lava Jato.

    “Desde que o Chávez tomou posse, foi construída uma narrativa contra ele, e eu tive a oportunidade de ver isso, uma narrativa em que você determina que o cara é um demônio. A partir do momento que você cria a narrativa que ele é demônio, a partir daí, você começa a jogar todo mundo contra ele. Foi assim que aconteceu com o Chávez, foi assim que aconteceu comigo”, afirmou Lula.

    “A narrativa construída nos meus processos, as mentiras construídas, a continuidade de horas de televisão que eu tive contra mim, de rádio, de jornal, 60 capas de revistas. Uma narrativa vendendo uma mentira, que depois ninguém conseguiu provar a mentira colocada contra”, continuou.

    Hugo Chávez morreu em 5 de março de 2013.

    Lula citou que disse ao atual presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que existe “narrativa no mundo de que na Venezuela não tem democracia”. Ainda expôs que elencou os erros cometidos pelo líder sul-americano e que era obrigação dele explicar quais eram os fatos verdadeiros.

    “Eu disse para o Maduro, olha: ‘Você precisa, para provar o que está falando, fazer um documento com a assinatura de todos os partidos de oposição, todos os seus opositores, todos os movimentos sociais, todo o movimento sindical, o parlamento, e mais os 23 governadores, ele tem 19. Faz o abaixo-assinado, sabe, com toda essa gente assinando e peça respeito à soberania da Venezuela”.

    Críticas a Lula

    Na segunda-feira (29), Lula falou que a Venezuela é “vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo”, durante o encontro bilateral com Maduro.

    O chefe do Executivo nesta terça-feira expressou que “ninguém é obrigado a concordar com ninguém” em relação às críticas feitas ao líder venezuelano, Nicolás Maduro, pelos presidentes do Chile, Gabriel Boric, e do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou.

    “Maduro é um presidente que faz parte do continente nosso, desse pedaço do continente americano. E o Maduro foi convidado, e houve muito respeito com a participação, inclusive com os presidentes que fizeram críticas, fazendo críticas no limite da democracia”, expôs Lula.

    “Porque, nessas reuniões, ninguém é obrigado a concordar com ninguém. Não é a primeira vez, já tivemos dezenas de reuniões e muita confusão. E é assim que a gente vai aprendendo a fazer”, prosseguiu.

    Para Boric, a questão “não é uma construção narrativa, é uma realidade, é séria”.

    “Tive a oportunidade de vê-la de perto nos rostos e na dor de centenas de milhares de venezuelanos que, hoje, vieram para nossa pátria e que exigem também uma posição firme e clara de que os direitos humanos devem ser respeitados sempre e em qualquer lugar, independente da coloração política do atual governante. Isso se aplica a todos nós”, afirmou Boric.

    O presidente do Chile ainda avaliou que, apesar de também estar inserido no espectro político de esquerda, achou importante defender sua posição no primeiro encontro com a presença de Maduro. O chileno disse que discordou de Lula respeitosamente quanto à declaração recente.

    “A verdade é que estamos felizes pela volta da Venezuela a espaços multilaterais, porque acreditamos que, nestes espaços, é onde se resolvem os problemas, e não com declarações nas quais atacamos uns aos outros. Isso, no entanto, não pode significar que devemos empurrar para debaixo do tapete ou fazer vista grossa com temas com princípios importantes para todos nós”, analisou.

    Lacalle Pou, por sua vez, sem citar Lula, disse ter ficado “surpreso” com a fala do presidente sobre narrativa.

    “Fiquei surpreso quando foi dito que o que aconteceu na Venezuela foi uma narrativa. Já sabem o que pensamos a respeito da Venezuela e ao governo da Venezuela. Se há tantos grupos no mundo que estão mediando para que haja uma democracia plena na Venezuela, para que se respeite os direitos humanos e que não hajam presos políticos, o pior que podemos fazer é tapar o sol com o dedo. Vamos dar o nome que tem e vamos ajudar”.

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