Lula pesou nas palavras, mas reação é injustificada, diz presidente do PSB
Em entrevista à CNN, Carlos Siqueira argumentou que transição de governo está no começo, e definição de nomes de ministérios econômicos deve acontecer até o início de dezembro: "Mercado precisa compreender ritmo da política."
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, nesta sexta-feira (11), avaliou à CNN que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “carregou” as palavras nas declarações sobre o teto de gastos, mas a reação do mercado é injustificada.
Em evento nesta quinta (10), o petista questionou a concentração do debate econômico em torno de temas como a estabilidade fiscal e afirmou que há gastos do governo que precisam ser observados como investimento.
“Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos? É preciso fazer superávits? É preciso fazer tetos de gasto? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social do país?”, questionou Lula. “Por que o povo pobre não está na planilha da discussão da macroeconomia? Por que a gente tem meta de inflação e não tem meta de crescimento?”, continuou.
A declaração provocou reação na bolsa e fez com que o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, registrasse baixa de 3,35%.
Em entrevista à CNN nesta sexta (11), Carlos Siqueira afirmou que “a reação do mercado foi um exagero” e a “crise social não pode ser ignorada”.
“Todos conhecem o presidente Lula e sabemos muito bem que, em seus oito anos de governo, nunca tratou a economia com irresponsabilidade. Ele nunca afrontou a iniciativa privada e o mercado, soube fazer equilíbrio entre o gasto de políticas sociais e equilíbrio fiscal. Ele não deixou o país a deriva”, acrescentou.
Questionado sobre a ansiedade do mercado para a definição dos nomes que serão indicados para os ministérios da área econômica, Siqueira destacou que a transição de governo ainda está na primeira semana de trabalhos.
“A esplanada dos ministérios certamente será redesenhada, acredito eu. Acho que o presidente não está atrasado. O mercado é ansioso, e entendo, mas não há atraso. Creio que no início de dezembro já estará definida essa questão”, disse o presidente do PSB.
“O mercado precisa compreender que o ritmo da política nem sempre acompanha o ritmo do mercado”, acrescentou.
Por fim, ele avaliou que Lula “talvez tenha carregado um pouco mais nas palavras ao dar ênfase na questão social, mas isso não implica que ele vá cometer qualquer grau de irresponsabilidade na condução da economia ou nomear qualquer pessoa que não seja responsável”.
“O presidente precisa sopesar suas palavras para evitar incompreensões como acontece neste momento – mesmo que não acredite que ele tenha dado razão para a reação que aconteceu”, pontuou.
“A transição está só começando, hoje tem a primeira reunião do conselho político. Vamos ter calma porque não há razão para nenhuma fervura”, concluiu.
* Publicado por Léo Lopes, produzido por Basília Rodrigues, da CNN