Lula é “malandro” e “sem caráter”, diz Bolsonaro em evento com agro
Presidente voltou a criticar carta pró-democracia da USP e acenou ao agronegócio em discurso favorável ao marco temporal
O presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “malandro” e “sem caráter” nesta quarta-feira (10), durante o Encontro Nacional do Agro, organizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília.
“Sem caráter. Um bêbado que quer dirigir o Brasil. Na Febraban, eu falei: se um funcionário de vocês roubasse por anos, e você descobrisse ou demitisse, e alguns anos depois, se ele batesse na sua porta, você o empregaria de novo? É óbvio que não”, disse o presidente após criticar o plano de governo de Lula por, segundo ele, retirar a proposta de regularização da produção agrícola.
Bolsonaro voltou a chamar a carta em defesa da democracia da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) de “cartinha” e relacionou o documento ao petista. O manifesto será lido nesta quinta-feira (11), no Largo São Francisco, no centro da capital paulista.
“Vimos agora há pouco uma cartinha em defesa da democracia. Olha quem assinou a carta: o último que assinou é um cara que vive de amores e beijos ― ou vivia, alguns já morreram ― como, por exemplo, Fidel Castro, [Hugo] Chávez, [Nicolas] Maduro, [Fernando] Lugo, [Cristina] Kirchner, Evo Morales, entre outros. Em época de campanha, o pessoal vira bonzinho”, disse.
Em nota à CNN, a assessoria do ex-presidente afirmou que Lula foi “extensamente investigado e nada foi encontrado sobre ele”. “Os julgamentos dele foram anulados e considerados políticos pelas Nações Unidas e pelo Supremo Tribunal Federal. Bolsonaro é um mentiroso em série, reconhecido internacionalmente como tal”, disse.
Na segunda-feira (8), o presidente já havia criticado a carta em evento com banqueiros na Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Durante o evento da CNA, Bolsonaro acenou ao agronegócio em fala favorável ao Marco Temporal e com críticas aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) – atualmente, a votação da proposta está parada devido ao pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes. Segundo o presidente, caso a tese que tramita na Corte seja aprovada, o agronegócio “acabará”.
“Se isso [áreas demarcadas indígenas] for dobrado, acabou o agronegócio. Porque, pela localização geográfica dessas novas áreas, se tira da rota do agronegócio o tamanho do estado de São Paulo. Se isso for aprovado no Supremo, nós temos trabalhado para que isso não seja aprovado, mas se for aprovado, eu vou ter que cumprir? Essa medida é um crime de lesa pátria, é ou não é? Fiquem tranquilos, eu sei o que tem que ser feito”, afirmou.
Representantes do agro manifestam apoio ao presidente
Antes da fala de Bolsonaro, o presidente da CNA, João Martins da Silva Júnior, aconselhou os presentes a atuarem como “intervenientes” no processo eleitoral. “Cada um de nós ser um monitorador da sua residência, onde trabalha, da sua fazenda e da sua comunidade. Precisamos esclarecer a população do que é bom e do que é ruim”, afirmou.
Martins da Silva disse que espera um Congresso comprometido com as reformas e um presidente que dê continuidade “ao que nós estamos vendo hoje”. Sem citar nomes, ele criticou uma eventual volta do PT à Presidência.
“Os senhores sinalizaram que não tem mais espaço neste país para uma equipe corrupta e incompetente e muito menos do retorno de um candidato que foi processado e preso como ladrão”, afirmou Martins da Silva.
Debate
As emissoras CNN e SBT, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasilFM formaram um pool para realizar o debate entre os candidatos à Presidência da República, que acontecerá no dia 24 de setembro.
O debate será transmitido ao vivo pela CNN na TV e por nossas plataformas digitais.
*Publicado por Daniel Reis