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    Lula diz que obesidade causa “tanto mal quanto a fome”; oposição critica

    Fala do presidente foi dada na cerimônia de lançamento do Pronasci na quarta-feira (15)

    Gustavo ZanferLucas Rochada CNN , em São Paulo

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi alvo de críticas de opositores na quarta-feira (15) após citar obesidade do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), e classificar a condição como “uma doença que causa tanto mal quanto a fome”.

    Lula afirmou que a obesidade deve ser assistida pelo Estado e que Dino estaria andando de bicicleta por estar acima do peso. “[A obesidade] também é uma doença que nós precisamos cuidar”, disse o presidente na cerimônia de lançamento do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o sobrepeso e a obesidade são definidos como acúmulo anormal ou excessivo de gordura que pode prejudicar a saúde.

    “A nossa médica que é ministra da Saúde sabe perfeitamente bem que a obesidade causa tanto mal quanto à fome. E por isso que o Flávio Dino está andando de bicicleta, porque ele sabe que isso vai precisar que o Estado cuide com muito carinho desse mal”, disse Lula.

    Especialistas apontam que a simples associação entre obesidade e doença não é uma equação simples e não contribui efetivamente para se combater um problema que é de saúde pública.

    O aumento de peso está relacionado a causas multifatoriais que vão além das opções alimentares, incluindo o contexto social, preços dos alimentos e questões genéticas.

    A declaração gerou críticas nas redes sociais de opositores.

    O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) questionou: “Vão chamá-lo de gordofóbico também?”

    O também deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) criticou fala do presidente sobre banheiros para transexuais e que “não importa o que diz, mas quem diz”.

    O Movimento Brasil Livre (MBL) também criticou a postura de Lula e questionou se “vai rolar cancelamento ou ele pode [falar dessa maneira]”.

    Ao falar sobre o Pronasci no evento, Flávio Dino também havia comentado com humor sobre a sua condição.

    “Um trabalhador da construção civil que tem uma bicicleta furtada não é a mesma coisa que uma pessoa que usa a bicicleta uma vez por ano para fazer atividade física. Falo de mim mesmo, como dá para notar”, disse Dino, gerando risos na plateia.

    Associação entre obesidade e doença não é simples

    O sobrepeso e a obesidade são definidos como acúmulo anormal ou excessivo de gordura que pode prejudicar a saúde, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

    Segundo a OMS, o sobrepeso e a obesidade são os principais fatores de risco para uma série de condições crônicas, incluindo problemas cardiovasculares, como doenças cardíacas e derrames, que são as principais causas de morte em todo o mundo.

    Estar acima do peso também pode levar ao diabetes e suas condições associadas, incluindo cegueira, amputações de membros e necessidade de diálise. O excesso de peso pode levar a distúrbios musculoesqueléticos, incluindo osteoartrite.

    A obesidade também está associada a alguns tipos de câncer, incluindo endométrio, mama, ovário, próstata, fígado, vesícula biliar, rim e cólon. O risco dessas doenças aumenta mesmo quando a pessoa está apenas ligeiramente acima do peso e fica mais grave à medida que o IMC sobe.

    “Não é em 100% dos casos que o aumento de peso vai significar doença. A obesidade é definida quando doença quando o aumento de peso traz algum prejuízo à saúde da pessoa”, afirma a médica endocrinologista Tarissa Petry, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

    “Por outro lado, o aumento de peso progressivamente aumenta a mortalidade da pessoa, que é a chance dela morrer precocemente”, completa.

    Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, afirmam que a obesidade é uma doença complexa que ocorre quando o peso de um indivíduo é superior ao considerado saudável para sua altura.

    O CDC alerta que diversos fatores podem contribuir para o ganho excessivo de peso, incluindo padrões alimentares, níveis de atividade física e rotinas de sono. Determinantes sociais da saúde, genética e uso de certos medicamentos também desempenham papel relevante neste contexto.

    A American Medical Association (AMA) reconheceu oficialmente a obesidade como uma doença crônica em 2013.

    Preconceito e discriminação

    Ao longo da história, a obesidade tem sido alvo de preconceito, discriminação e discursos que tem como base a desinformação.
    Especialistas apontam que a simples associação entre obesidade e doença não é uma equação simples e não contribui efetivamente para se combater um problema que é de saúde pública.

    Erroneamente, a obesidade é por vezes tratada como falta de vontade ou preguiça. No entanto, a ciência explica que o aumento de peso está relacionado a causas multifatoriais que vão além da opção alimentar.

    O contexto social em que as pessoas estão inseridas, a disponibilidade e preço de alimentos in natura, o aumento da exposição aos ultraprocessados e fatores genéticos também contribuem para o excesso de peso.

    De acordo com a OMS, a causa fundamental da obesidade e do sobrepeso é um desequilíbrio energético entre as calorias consumidas e as calorias gastas.

    Somado a esse fator, em todo o mundo há uma maior ingestão de alimentos ricos em energia que são ricos em gordura e açúcares, aumentos na inatividade física, mudanças nos modos de transporte e aumento da urbanização que também contribuíram para o problema, destaca a OMS.

    Além disso, as mudanças nos padrões alimentares e de atividade física são, muitas vezes, o resultado de mudanças ambientais e sociais associadas ao desenvolvimento e à falta de políticas de apoio em setores como saúde, agricultura, transporte, planejamento urbano, meio ambiente, processamento de alimentos, distribuição, marketing e educação.

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