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    Lula diz que “não tem ninguém melhor” que Padilha para lidar com o Congresso

    Fala acontece durante a retomada da troca de farpas entre o ministro e o presidente da Câmara, Arthur Lira

    Padilha vai ficar muito tempo como ministro só por teimosia, segundo Lula
    Padilha vai ficar muito tempo como ministro só por teimosia, segundo Lula ANDRÉ RIBEIRO/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO

    Douglas PortoMuriel Porfiroda CNN

    São Paulo

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta sexta-feira (12), que “não tem ninguém melhor” que o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para lidar com o Congresso.

    A fala acontece no momento em que a troca de farpas entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Padilha foi retomada.

    “Padilha está num cargo que parece ser o melhor do mundo nos primeiros seis meses e depois começa a ser muito difícil. Nos primeiros seis meses isso é como um casamento, nos primeiros meses de casamento tudo é maravilhoso”, disse Lula durante a cerimônia de inauguração da nova sede da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em São Paulo.

    E, aí, chega um momento que começa a cobrar e o Padilha está na fase da cobrança. Esse é o tipo do ministério que a gente troca a cada seis meses, para que o novo faça novas promessas. Mas só de teimosia, o Padilha vai ficar muito tempo nesse ministério, porque não tem ninguém melhor para lidar com adversidade dentro do Congresso Nacional que o companheiro Padilha. E a gente deixa de ser unanimidade quando começamos a ter divergência com outros companheiros, mas isso é assim, a vida é assim

    Luiz Inácio Lula da Silva

    O tom do discurso de Lula foi semelhante a um antigo que foi usado como base por Padilha para se manifestar pela primeira vez, ainda na quinta-feira (11), sobre as críticas de Lira.

    “Incompetente”

    O recente atrito entre Padilha e Lira foi decorrente da votação na Câmara sobre manter a prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ).

    Na quinta-feira (11), Lira chamou Padilha de “incompetente” e se referiu ao petista como um “desafeto”. Isso aconteceu após o ministro ter se articulado para Brazão permanecer preso.

    Em resposta nesta sexta-feira (12), o ministro disse que não tem qualquer tipo de rancor. “Sobre rancor, a periferia da minha cidade diz que ‘mano, rancor é igual a tumor, envenena a raiz’”, disse o ministro em referência a trecho de música “AmarElo”, do rapper Emicida.

    O PT também saiu em defesa do ministro, que é um de seus quadros. Segundo a sigla, ao atacar o ministro, Lira “compromete a liturgia do cargo de presidente da Câmara Federal e ofende a harmonia entre os Poderes da República”.

    Lira e Padilha: entenda histórico de desentendimentos

    Padilha e Lira já não dialogam mais desde o segundo semestre de 2023. A tarefa de conversar com o presidente da Câmara está com Rui Costa, ministro da Casa Civil.

    O presidente da Câmara fez chegar críticas a Lula sobre o trabalho do ministro, como promessas não cumpridas de nomeações em estatais e liberações de emendas.

    Na ocasião, Lira levou sua insatisfação sobre a articulação política do governo a Costa.

    Em fevereiro, Padilha negou que exista qualquer clima que “gere tensão” entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional.

    Segundo Padilha, Lula tem “muita certeza” de que o governo terá um “ambiente positivo tanto com o Senado quanto com a Câmara”. “Essa dupla [Congresso e governo] vai continuar marcando muitos gols em 2024”, afirmou na ocasião.

    Dias antes, durante a abertura do ano Legislativo, o presidente da Câmara subiu o tom e, em recado ao Planalto, disse que o Orçamento é de todos os brasileiros, não só do Executivo, e não pode ficar engessado por “burocracia técnica” e por quem não foi eleito.

    Lira também declarou que os parlamentares “não foram eleitos para serem carimbadores” das propostas do Executivo e que o Orçamento da União deve ser construído em contribuição com o Legislativo.

    Conflito mais por recursos do que por votos

    O embate entre Padilha e Lira tem mais a ver com uma disputa pelo controle de recursos federais do que por votações no Congresso, avaliaram à CNN duas fontes do Palácio do Planalto.

    Isso aconteceria, mais especificamente, sobre duas operações políticas lideradas por Padilha: o veto à liberação de R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares e a blindagem que Padilha faz à ministra da Saúde, Nísia Trindade.

    Em janeiro, Lula vetou um dispositivo do orçamento que previa o repasse em emendas de comissão, que são direcionadas à Câmara e ao Senado.

    Nos bastidores, Lira se incomodou e ali ficou interrompida a relação entre ambos. Dentro do Planalto, foi Padilha quem bancou o veto a Lula e o transmitiu a lideranças do Congresso.

    Na época, ele disse que o veto ocorreu por conta da inflação que, segundo ele, “autoriza menos recursos para o governo”.

    Em outra frente, Padilha também lidera a manutenção de Nísia Trindade na Saúde ante os ataques especulativos que ela sofre, em especial do Centrão.