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    Lula deve manter GSI com militar à frente; decisão será tomada nos próximos dias

    Nome mais cotado para suceder Gonçalves Dias é o general da reserva Marcos Antônio Amaro dos Santos, que é bem avaliado entre militares da ativa e da reserva ouvidos pela CNN

    Teo CuryTainá Falcãoda CNN Em Brasília

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve manter o Gabinete de Segurança Institucional com um militar à frente, apesar da pressão de parte de seus auxiliares para que a pasta seja extinta.

    O nome mais cotado para comandar o GSI é o do general da reserva Marcos Antônio Amaro dos Santos.

    A CNN mostrou, na terça-feira (25), que Lula pretende ter uma nova reunião com Amaro antes de definir o futuro do GSI. Fontes do governo relataram à reportagem que a decisão do presidente deve ser tomada nos próximos dias, com o retorno de Lula ao Brasil.

    Na semana passada, o presidente se reuniu com o general para apresentar a ele sua visão sobre a pasta.

    O nome do general Amaro é bem avaliado entre militares da ativa e da reserva ouvidos pela CNN.

    Integrantes das Forças Armadas classificam o general como sendo um homem calmo, ponderado e conciliador e acreditam que, por conta de seu perfil, pode ser a escolha ideal para o atual momento de reestruturação do GSI.

    A saída do general Gonçalves Dias do GSI na semana passada, após a revelação pela CNN de vídeos mostrando sua atuação no dia 8 de janeiro, reacendeu no governo a discussão em torno do futuro da pasta, que foi esvaziada desde o início do ano.

    A defesa feita por uma ala de auxiliares do presidente é a de que haja desmilitarização do governo.

    O GSI perdeu duas de suas principais atribuições nos últimos meses. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), subordinada à pasta, passou a responder à Casa Civil, chefiada pelo ministro Rui Costa.

    Já a segurança do presidente e do vice-presidente deixou de ser feita exclusivamente por militares e passou a ser realizada majoritariamente por policiais federais.

    Aceno às Forças Armadas

    A avaliação de ministros do governo e de militares da ativa e da reserva ouvidos pela reportagem é a de que a manutenção do GSI com um militar à frente da pasta representa um aceno às Forças Armadas em meio às desconfianças de Lula com relação aos militares e diante do estremecimento das relações.

    Auxiliares de Lula que vêm defendendo ao presidente, nos últimos dias, a continuidade do GSI com um militar em seu comando acreditam que a extinção da pasta criaria um cabo de guerra e aumentaria ainda mais o desgaste do governo com as Forças Armadas.

    O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) é um dos integrantes do governo que são contra a extinção do GSI. “Nós não devemos acabar com um órgão porque houve erro. O que precisa é apurar e ter responsabilização”, disse o vice-presidente na terça-feira.

    A avaliação é a mesma de ministros como José Múcio Monteiro Filho, da Defesa, e Rui Costa, da Casa Civil.

    Uma ala de ministros e auxiliares de Lula, no entanto, defende o esvaziamento completo do GSI e a permanência da segurança do presidente e do vice-presidente sob o comando de policiais federais.

    Essa ala avalia ainda que a atribuição de assessoramento do presidente em questões militares, uma das responsabilidades do GSI, poderia ser absorvida pelo Ministério da Defesa.

    O ministro Flávio Dino (PSB-MA), da Justiça e Segurança Pública, o diretor-geral da Polícia Federal Andrei Passos Rodrigues e a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, defendem a desmilitarização do governo.

    Atualmente, a segurança de Lula está sob responsabilidade da Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata do Presidente da República, subordinada ao gabinete de Lula. A pasta, no entanto, deve deixar de existir no final de junho.

    A cúpula da Polícia Federal defende a permanência do formato. A sugestão é de se criar uma secretaria com status de ministério para abrigar Inteligência e Segurança Presidencial, chefiada por um delegado federal, acolhendo parte da estrutura e pessoal do GSI.

    Em meio ao debate, a Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata do Presidente da República realizou na manhã desta quarta-feira um seminário internacional na sede da PF com mais de dez países para discutir o formato da segurança presidencial.

    A cúpula tem defendido que países democráticos rejeitam militares na tarefa e busca mudar o formato de segurança presidencial no Brasil.

    Civis e militares disputam poder

    A indefinição com relação ao futuro da pasta vem acentuando nos últimos dias a queda de braço entre civis e militares remanescentes dentro do governo.

    Se de fato o martelo for batido e o GSI continuar existindo com um militar em seu comando, como o presidente vem sinalizando a seus auxiliares, Lula terá de buscar o consenso entre a ala que defende um fortalecimento da presença de policiais federais e agentes de outras forças de segurança na proteção presidencial em detrimento de quem defende a permanência de militares no governo.

    Um dos entraves diz respeito à relação de cooperação entre civis – representados por policiais federais – e militares em um eventual GSI repaginado.

    O fim da Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata do Presidente da República previsto para o dia 30 de junho poderia levar esses agentes que atuam na segurança de Lula e Alckmin para o guarda-chuva do GSI.

    Policiais federais ouvidos pela CNN, no entanto, dizem não querer responder a militares.

    A escolha pelo nome do general Amaro, caso confirmada, representará um obstáculo para os civis que defendem uma maior participação de policiais federais e agentes de segurança no governo.

    Recentemente, em entrevista ao portal “Terra”, Amaro desaprovou a ideia de militares no GSI compartilharem a função de segurança e proteção do presidente e do vice com policiais federais.

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