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    Lula defende imprimir moeda e cobrar dívidas contra impactos da pandemia

    Ex-presidente argumentou que emissão de 'dinheiro novo' permitiria investimentos que mitigassem a crise econômica

    Guilherme Venaglia e Cecília Gelenske , Da CNN, em São Paulo e em Brasília

    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quarta-feira (15) que o governo faça a emissão de “dinheiro novo” para o financiamento de projetos que ajudem a mitigar os impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus. Lula ainda instruiu parlamentares do partido a estruturarem maneiras de cobrar empresários que possuam dívidas com o poder público.

    “Se o governo produzir dinheiro novo, ele não vai aumentar sua dívida. Ele vai alargar apenas sua base monetária. É um dinheiro que ele que está fazendo e que pode aplicar em obras que serão ativos, produtivos amanhã”, sugeriu o ex-presidente. “É uma crise que a natureza criou. Nós precisamos compreender que, além do dinheiro para sustentar as pessoas que precisam ficar em casa, nós temos que ter dinheiro para fazer investimentos”.

    A hipótese de emitir moeda foi aventada na semana passada pelo ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB), ex-presidente do Banco Central no governo Lula e hoje secretário estadual de São Paulo. Atual comandante do BC, Roberto Campos Neto criticou a possibilidade, que, em sua visão, pressionaria a inflação e dificultaria a manutenção dos juros em patamar baixo.

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    A fala de Lula foi feita em transmissão ao vivo pelas redes sociais, da qual participou ao lado da presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), e dos líderes do partido na Câmara, deputado Ênio Verri (PR), e no Senado, senador Rogério Carvalho (SE).

    A emissão de moeda é uma política criticada por economias mais liberais, como os da atual equipe econômica. Para estes, a maior circulação de moeda criaria um poder de compra artificial, que se reverteria em aumento dos preços. Durante a conversa, o deputado Enio Verri defendeu que a proposta do ex-presidente não teria esse efeito, uma vez que os estoques de fábricas e lojas estão cheios.

    “Se o governo colocasse um monte de dinheiro na economia e as pessoas consumissem um montão, um monte de chinelo, roupa, mesmo assim não iria ter inflação, porque as fábricas estão paradas, os estoques estão cheios. Inflação é comprar muito, faltar mercadoria e o preço sobe. Não é o nosso caso”, disse o parlamentar.

    O ex-presidente Lula criticou o uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que ele chamou de “saque”, e também das reservas internacionais em dólar do Brasil. Lula instruiu os parlamentares a procurarem as assessorias técnicas do Poder Legislativo e dos sindicatos de servidores da Receita Federal para entender como são formadas e como podem ser cobras as dívidas com a União tidas como irrecuperáveis.

    “Temos que ter um jeito de dizer o seguinte: ‘Você tá devendo? Nós vamos tomar o seu dinheiro’. Não dá para esses caras deverem durante 20 anos. Ninguém cobra! ‘Onde está esse dinheiro? Tá depositado em qual conta esse dinheiro? Como a gente faz pra pegar esse dinheiro?'”, disse Lula.

    Discurso

    O ex-presidente orientou os líderes e a presidente do PT a adotar um discurso de apoio ao isolamento social, mas defendeu um esforço para que o partido não “dê a impressão de que a gente defende quem tá em casa e não defende quem está na rua para trabalhar”.

    “Nós não podemos confundir os bolsonaristas, os fanáticos que vão festejar, que vão para a rua comemorar a morte dos outros, com os milhões de brasileiros que, por necessidade financeira e profissional, precisam sair para trabalhar. Precisamos dar garantias para essa gente”, disse.

    Lula ainda afirmou que não acredita que a possível saída do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), represente mudanças na condução da crise. “Ouvi dizer que o ministro aí tá pedindo a conta, que ele vai sair. Mas esse ministro (Mandetta) sempre foi contra o SUS, a saúde pública, os Mais Médicos e se ele quisesse ele tinha preparado o SUS, leito, estádio bem antes”, criticou.

    A presidente do PT Gleisi Hoffmann afirmou que o partido está trabalhando para sustentar que não é “oposição por oposição” e que está tentando contribuir para a superação da crise. O exemplo dado pela senadora foi a apresentação de 55 projetos de lei a respeito do combate ao coronavírus. Ela ainda argumentou que o partido defendeu a elevação para um salário mínimo (R$ 1.045) do auxílio emergencial, que terminou fixado em R$ 600.

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