Lira pretende ter diálogo “sem nenhum tipo de armas” com Lula
Petistas ensaiam aproximação com o presidente da Câmara e até cogitam apoiá-lo para a reeleição na Mesa Diretora
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou, em conversa com aliados, que pretende ter um diálogo “sem nenhum tipo de armas” com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A informação é da âncora da CNN Daniela Lima.
O petista deve estar em Brasília na próxima semana para encontros com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, além de Lira, que afirmou a pessoas próximas que pretende ter uma conversa reservada, sem “telefone sem fio” com Lula.
“Nós vamos ter uma conversa pessoal, sem nenhum tipo de armas, uma conversa em tom ameno para fazer um diagnóstico e, a partir daí, ver como as coisas vão caminhar”, disse Lira a aliados. Arthur Lira fez questão de ser a primeira autoridade a reconhecer vitória de Lula, pedir serenidade e afirmar que não há espaço para revanchismo.
Desde a confirmação da vitória de Lula, Arthur Lira tem mantido postura discreta e falado com pouca gente. Nos próximos dias, o presidente da Câmara deverá focar em participar de conversas que, na prática, irão definir se ele irá acelerar ou retardar os movimentos do presidente eleito na Casa.
O PT tem interesse em manter boa relação com Lira neste momento, já que aposta na aprovação da chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que daria espaço fora do teto de gastos par pagar o Auxílio Brasil de R$ 600 e o aumento real do salário mínimo, que foram propostas do petista durante a campanha eleitoral.
Ala do PT busca aproximação
O analista de política da CNN Leandro Resende informa que, na próxima segunda-feira (7), a direção do PT fará sua primeira reunião de cúpula após a vitória de Lula. A sucessão na Câmara deverá ser um dos assuntos discutidos –a eleição para a Mesa Diretora do Congresso será realizada logo no início do ano que vem.
Segundo Resende, uma ala do partido teria ficado irritada com as declarações da presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), de que o partido não iria disputar a eleição para a Câmara. A reunião desta segunda terá o objetivo de acalmar os correligionários que estão nesse grupo.
Parte da legenda reconhece que o partido errou no passado, quando, em 2015, decidiu não apoiar Eduardo Cunha para a presidência da Casa. Na ocasião, o candidato petista foi Arlindo Chinaglia. Mais tarde, Cunha teve relação difícil com os petistas, acarretando na aceitação do pedido de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff.
Uma das opções cogitadas no partido é apoiar formalmente a eleição de Lira em 2023 para, que, em troca, o atual presidente da Câmara apoie um nome ligado ao PT para a Mesa Diretora em 2025.