Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Lira não prorroga CPI do MST e comissão é encerrada sem votar relatório final

    Cúpula chegou a pedir nova prorrogação ao presidente da Câmara, mas pedido foi recusado; relatório de Salles com 11 pedidos de indiciamento sequer foi analisado

    CPI do MST em reunião na Câmara dos Deputados
    CPI do MST em reunião na Câmara dos Deputados Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo - 16.ago.2023

    Mayara da Pazda CNN

    em Brasília

    O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), não atendeu ao pedido de prorrogação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as invasões do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

    Com isso, o colegiado encerrou os trabalhos sem votar o parecer final do relator Ricardo Salles (PL-SP). O documento, que contava com 11 pedidos de indiciamento, sequer foi analisado pela comissão. Leia mais sobre o relatório abaixo.

    Veja: Ricardo Salles pediu onze indiciamentos em CPI do MST

    Oficialmente, a CPI foi encerrada na terça-feira (26), quando havia uma expectativa para que o parecer final fosse votado.

    A sessão, porém, foi cancelada. Isso porque, na semana passada, o deputado Nilto Tatto (PT-SP) pediu vista, ou seja, mais tempo para analisar o parecer de Salles.

    Pelo regimento interno da Câmara, o prazo de vista é de duas sessões plenárias. Logo, o relatório só poderia ser votado na próxima quinta-feira (28), prazo além do limite determinado pelo presidente da Câmara.

    A cúpula da Comissão chegou a pedir uma nova prorrogação a Lira, mas a solicitação não foi atendida.

    O colegiado deu início aos trabalhos ainda em maio, com um prazo inicial de 120 dias para conduzir as investigações.

    Os deputados, porém, não avançaram como o esperado, e a CPI só ganhou um novo fôlego depois que o presidente da Câmara prorrogou o prazo para entrega do relatório final para essa terça.

    Pacote contra invasões de terra

    Ao confirmar o encerramento da CPI nesta quarta-feira (27), o presidente do colegiado, deputado Zucco (Republicanos-RS), prometeu entregar a Lira um pacote de projetos de lei, batizado de “Invasão Zero”, que já conta com o apoio da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

    Segundo ele, entre as propostas, estão:

    • A vedação da concessão de benefícios sociais, crédito agrícola ou nomeação para cargos públicos para quem participa de invasões, além do impedimento em participar de programas relacionados à reforma agrária;
    • A classificação como “terrorismo” os atos violentos contra propriedades públicas e privadas;
    • A autorização para que a polícia realize ações sem a necessidade de ordem judicial para retomada de propriedades invadidas.

    “Cabe ao setor produtivo se manter mobilizado, apoiar e pressionar este Parlamento para que essas propostas sejam aprovadas em regime de urgência”, disse Zucco.

    Veja também: Zucco à CNN: Entrada do Centrão no governo desgastou a CPI do MST

    O que dizia o relatório de Salles

    Na última semana, Ricardo Salles propôs o indiciamento de 11 pessoas, entre elas o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias e o líder da Frente de Luta Campo e Cidade, José Rainha.

    Para ele, os membros dos movimentos, que chama de “facções”, atentam contra produtores rurais e contra os “próprios integrantes” das organizações.

    “As informações disponíveis comprovam que não há, ao menos nesse momento, necessidade de se aumentar as áreas destinadas à reforma agrária, mas, sim, premência de ajustar e viabilizar, pela ótica da eficiência, da meritocracia e da produtividade, os milhares de assentamentos já existentes”, escreveu Salles no documento.

    O relatório também sugeria projetos para:

    • Aumentar a pena do crime de esbulho possessório, quando há perda da posse de um terreno por meio de violência;
    • Impedir participantes de invasões de serem beneficiários ou fornecedores do Programa de Aquisição de Alimentos;
    • Criar delegacias especializadas em conflito agrário.

    Nesta quarta, Salles disse que mesmo que o relatório não tenha sido votado pela comissão, o documento será entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR), à Procuradoria-Geral Eleitoral e ao Tribunal de Contas da União (TCU).

    De acordo com ele, o colegiado teve bons avanços, “ainda que manobras regimentais e cooptação governamental” tenham feito com que o relatório não tenha sido votado.

    “Se tivesse sido submetido à votação ontem, teria sido aprovado. Mas as manobras regimentais não permitiram que isso acontecesse”, afirmou.