Lira agora promete “mansidão” e deve ajudar Lula a debelar crise no Congresso
Presidente da Câmara aguarda sinais do Planalto, mas retorna a Brasília com compromisso de dissipar insatisfação de parlamentares
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), retorna a Brasília com a promessa de ajudar o Palácio do Planalto a debelar a crise na base aliada.
Depois de conversar pessoalmente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes do Carnaval, Lira agora pretende alimentar um clima de “mansidão”, segundo interlocutores do presidente da Câmara ouvidos pela CNN.
Encerrando um longo período de atritos e desentendimentos, a ideia é ajudar Lula a dissipar a insatisfação de parlamentares e destravar a votação de projetos prioritários do governo. O foco inicial de Lira nesta semana será articular uma solução para a crise sobre o pagamento de emendas parlamentares.
A avaliação é que há forte incômodo no colégio de líderes com o veto do presidente que cortou R$ 5,6 bilhões do Orçamento em emendas de comissão.
Lira se dispôs a contribuir para resolver o problema, desde que haja “sinais” do governo de que está disposto a mudar a relação com o Congresso. Um dos indicativos nessa direção é a sinalização de que o governo pode aceitar a definição de prazos para a liberação de emendas.
Uma tarefa considerada mais ingrata, segundo um interlocutor de Lira, é negociar as condições para a reoneração da folha de pagamentos.
O presidente da Câmara considera que a tensão é grande em relação à forma como o governo encaminhou a medida provisória que retoma a cobrança de impostos sobre as contratações, contrariando votação do Congresso sobre o tema.
Até agora não há clareza sobre as concessões que o governo estaria disposto a fazer para chegar a um acordo com os parlamentares.
Lula e Lira conversaram na sexta-feira antes do feriado de Carnaval, após uma escalada da crise do governo com o Legislativo. Os dois deixaram o encontro com a premissa de que a relação estaria “zerada”.
Lula comprometeu-se a melhorar a interlocução com Lira e a evitar atropelos na articulação. Houve queixas sobre o não cumprimento de acordos por parte do Executivo e sobre a condução da articulação política. A interlocução de Lira com o governo foi delegada ao ministro da Casa Civil, Rui Costa.