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    Justiça Eleitoral do PR marca para dia 8 julgamento que pode cassar mandato de Moro

    Federação do PT e PL acusam o senador de causar desequilíbrio eleitoral no pleito de 2022.

    Moro era pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos e posteriormente se candidatou ao Senado pelo União Brasil
    Moro era pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos e posteriormente se candidatou ao Senado pelo União Brasil Jefferson Rudy/Agência Senado

    Douglas Portoda CNN

    São Paulo

    O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) anunciou, nesta quarta-feira (31), que o julgamento que pode cassar o mandato do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) acontecerá no dia 8 de fevereiro.

    As ações da Federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV) e do PL contra Moro foram liberadas na última terça-feira (30) pelo relator do caso, desembargador Luciano Carrasco Falavinha.

    Nesta quinta-feira (1º), os integrantes do TRE-PR se reúnem para sessão administrativa de posse do novo comando do tribunal.

    Os desembargadores Sigurd Roberto Bengtsson e Luiz Osório Moraes Panza, assumem como presidente e vice-presidente e corregedor, respectivamente, pelo período de dois anos.

    Sobre o que são as ações?

    Segundo os reclamantes, a chapa de Moro causou desequilíbrio eleitoral no pleito de 2022.

    Isso teria ocorrido desde a filiação partidária do ex-juiz ao Podemos, em novembro de 2021, com o lançamento de sua pré-candidatura para a Presidência da República até o momento de sua eleição para o Senado pelo União Brasil.

    O argumento das partes é de que Moro usou “estrutura e exposição de pré-campanha presidencial para, num segundo momento, migrar para uma
    disputa de menor visibilidade, menor circunscrição e teto de gastos vinte vezes menor, carregando consigo todas as vantagens e benefícios acumulados indevidamente, ferindo a igualdade de condições entre os concorrentes ao cargo de senador”.

    A ação diz que o ex-juiz teve os seguintes serviços à sua disposição durante a pré-campanha presidencial:

    • media training;
    • assessoria de imprensa;
    • planejamento de marketing;
    • produção de vídeos em ambos os partidos;
    • remuneração mensal;
    • segurança privada;
    • viagens aéreas nacionais e internacionais para Moro e equipe;
    • veículo blindado;
    • hospedagens;
    • exposição midiática de presidenciável;
    • protagonismo em metade das inserções de propaganda partidária gratuita no rádio e na televisão;
    • produção de conteúdo e estratégia de campanha;
    • pesquisas eleitorais.

    “Ou seja, não é um conjunto que esteja ao alcance das possibilidades do pré-candidato médio ao Senado pelo Estado do Paraná”, diz a acusação.

    Movimentos de Moro na eleição de 2022

    Em novembro de 2021, Moro se filiou ao Podemos com pretensões de disputar o Palácio do Planalto, chegando inclusive a aparecer em pesquisas de intensões de voto.

    No final de março de 2022, ele se desfiliou do partido e entrou no União Brasil. Na ocasião, o ex-juiz anunciou que havia desistido de sua pré-candidatura “neste momento”.

    Na mesma época, Moro solicitou sua transferência de domicílio eleitoral do Paraná para São Paulo. A medida foi aceita pela 5ª Zona Eleitoral, na zona oeste. Entretanto, em junho, o Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo (TRE-SP) acolheu um recurso do PT contra a decisão.

    Com a impossibilidade de se candidatar por São Paulo, Moro anunciou, em julho, sua candidatura ao Senado pelo Paraná.

    O que diz a acusação?

    Na avaliação de Bruno Cristaldi, advogado do PL, “os candidatos adversários saíram em enorme desvantagem diante da superexposição midiática e excesso de gastos da holywoodiana pré-campanha presidencial, que continuou a extrapolar os limites aceitáveis quando houve o downgrade para a candidatura ao Senado Federal”.

    Ao aceitar que os vultosos recursos fossem aplicados em favor de sua chapa, Moro feriu de morte a paridade de armas entre os concorrentes

    Bruno Cristaldi

    Para o advogado da Federação PT/PCdoB/PV, Luiz Eduardo Peccinin, a única motivação do processo é “comprovar que as eleições de 2022 no Paraná não transcorreram dentro da normalidade, que não havia mínimas condições de competição justa contra o eleito”.

    Peccinin disse à CNN que Moro antecipou toda sua estrutura de campanha a um momento muito anterior ao período eleitoral. “Marketing, advogados, staff pessoal, jatinhos, carros blindados e seguranças particulares foram usados para que Moro promovesse seu nome e suas propostas meses antes do período oficial de campanha”.

    Cristaldi argumenta que Moro teve cobertura midiática nacional diária, realizou diversos eventos de filiação e lançamento de pré-candidatura, protagonizou propaganda eleitoral em mais de um partido, teve seu nome veiculado em pesquisas presidenciais, o que reverberou na imprensa e em redes sociais.

    O que diz a defesa?

    A defesa de Moro argumentou à Justiça Eleitoral que a arrecadação de recursos e os gastos pré-campanha não precisam ser submetidas à prestação de contas eleitorais exigida pela legislação brasileira.

    Sobre a participação em eventos do Podemos e do União Brasil, os advogados afirmam que Moro “emprestou sua imagem e prestígio públicos em prol das plataformas políticas defendidas pelas agremiações, auferindo benefícios mínimos dada sua notoriedade que há muito precede seu ingresso no mundo político”.

    O indeferimento da transferência de domicílio eleitoral é colocado como uma prova de que os eventos de pré-campanha foram realizados em São Paulo, sendo “irrelevantes para a análise do caso sob a ótica da interferência na eleição do Paraná”.