Joe Biden não vai ler carta de artistas, diz Mourão
Celebridades defenderam em carta que presidente dos Estados Unidos recuse um acordo climático com o presidente Jair Bolsonaro
O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, afirmou nesta terça-feira (20) que a carta de artistas brasileiros enviada ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pedindo que ele recuse um acordo climático com o presidente Jair Bolsonaro – que prometeu o fim do desmatamento ilegal até 2030 – não chegará ao destinatário.
“Tu acha que o Biden vai ler essa carta? Ele não vai ler essa carta, isso é perda de tempo. As mesmas acusações que fazem sempre contra o governo. O governo tem procurado fazer o trabalho dele, estamos com redução do desmatamento. Não é simples”, afirmou o vice-presidente brasileiro.
Dezenas de celebridades do Brasil e dos Estados Unidos, como o ator Leonardo DiCaprio, a estrela pop Katy Perry e o músico Gilberto Gil, divulgaram uma carta nesta terça-feira pedindo a Biden que não aceite nenhum acordo ambiental com o presidente Jair Bolsonaro.
Os Estados Unidos conversam com o Brasil desde fevereiro a respeito de uma possível colaboração para deter a destruição crescente da Floresta Amazônica, mas o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse à Reuters que nenhum acordo ficará pronto para a cúpula do Dia da Terra desta semana, organizada por Biden.
Grupos indígenas e ambientalistas dizem que qualquer acordo com o governo Bolsonaro cria o risco de legitimar uma gestão que está incentivando a destruição ambiental e violações dos direitos humanos.
“Nós apelamos ao seu governo para ouvir o pedido deles (indígenas e ambientalistas) e não se comprometer com nenhum acordo com o Brasil a esta altura”, disseram as celebridades nesta terça-feira na carta aberta dirigida a Biden.
Mourão, porém, defendeu o trabalho do governo federal no combate ao desmatamento na Amazônia, e disse que o Estado brasileiro está comprometido a combater irregularidades na região.
“Estamos trabalhando sério dentro da Amazônia. O presidente empregou as Forças Armadas numa atividade que não é razão de ser delas, demonstrando comprometimento do Estado brasileiro com a busca das ilegalidades dentro da Amazônia”, disse Mourão.