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    Irmão de Michelle vira articulador informal de Tarcísio na Alesp

    Sua missão passou a ser mapear as demandas dos deputados estaduais, apresentá-las a Tarcísio e tentar destravá-las em busca da construção de uma governabilidade

    Caio Junqueirada CNN

    Diego Torres Dourado, irmão da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, virou um dos principais operadores políticos do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na Assembleia Legislativa do estado de São Paulo (Alesp).

    Nomeado em janeiro assessor especial do governador, sua missão passou a ser mapear as demandas dos deputados estaduais, apresentá-las a Tarcísio e tentar destravá-las em busca da construção de uma governabilidade.

    Desde que assumiu o governo, Tarcísio vem enfrentando dificuldades na Alesp e tenta superá-las para aprovar duas de suas prioridades neste ano: uma reforma administrativa e o projeto para privatizar a Sabesp, maior estatal paulista.

    As propostas, porém, nem sequer foram encaminhadas ao Legislativo.

    Nove meses após a posse, o governo não está seguro de que consiga maioria absoluta dos 94 deputados a seu favor para aprovar emendas à Constituição do estado.

    Embora o secretário de Governo, Gilberto Kassab, seja o responsável oficial pela articulação política, é Diego quem mergulha na micropolítica para identificar as insatisfações dos deputados.

    Segundo deputados, sua tarefa vai desde intermediar agendas com secretários estaduais até anotar pedidos por cargos e liberações de emendas.

    Fontes do governo relataram à CNN que a diminuição dos repasses de verbas é um dos motivos de insatisfação dos deputados.

    Dados passados à CNN por fontes do Bandeirantes mostram que enquanto em 2022 o então governador Rodrigo Garcia liberou mais de R$ 1 bilhão em emendas, até agosto Tarcísio repassou cerca de R$ 300 milhões.

    Isso ocorreu, dentre outros fatores, ao fato de, segundo aliados do governador, ter ocorrido uma superestimação do Orçamento de 2023 recebido por Tarcísio que levou a necessidade de um contingenciamento de recursos.

    Isso acabou levando a uma diminuição de repasses para prefeituras que, por sua vez, fizeram chegar a insatisfação aos deputados de suas regiões.

    Para tentar distensionar e construir uma base mais sólida, a ideia agora é acelerar as liberações, assim como abrir os cargos de terceiro escalão a aliados em potencial.

    É aí que entra a missão do irmão de Michelle Bolsonaro: identificar o quê cada parlamentar deseja. A relação com Tarcísio vem desde o governo Bolsonaro, quando ele criou o perfil “Tarcisão do Asfalto”.

    À época, Tarcísio pediu para conhecê-lo e deu-se início a relação. Diego trabalhava no Senado e ajudou na campanha de Bolsonaro.

    Após a derrota, Tarcísio o convidou para integrar sua equipe de assessores especiais em São Paulo. Segundo fontes, o próprio Bolsonaro se opôs à ideia, mas Diego aceitou.

    O entorno do governador aponta que Diego e o governador têm perfis semelhantes: são discretos, de bom trato e avessos a polêmicas.

    O diagnóstico político repassado por ele ao Bandeirantes tem sido no sentido de que as dificuldades que o governador tem enfrentado se devem a uma adaptação entre Legislativo e Executivo após 28 de governos do PSDB.

    Dos 94 deputados, mais da metade (55) foi reeleita.

    Um dos recados do governo que Diego tem mandado, por exemplo, é de que os indicados para os cargos não tenham problemas judiciais.

    A alta temperatura acerca da nomeação para uma vaga aberta no Tribunal de Contas do Estado também tem sido levada por ele ao governador e seu entorno.

    Kassab indicou um aliado, o deputado federal Marco Bertaiolli, mas o nome não é consenso na base.

    Nesta segunda-feira, a expectativa é de que haja uma reunião no Bandeirantes para tentar resolver a questão.

    Procurado, Diego não se manifestou.

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