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    Investigação contra Jair Renan aponta que grupo criou “pessoa fictícia” para conseguir empréstimos

    CNN teve acesso às informações do inquérito da Polícia Civil do DF

    Elijonas Maiada CNN

    Brasília

    A conclusão da investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) contra o filho mais novo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aponta que o grupo de Jair Renan criou uma “pessoa fictícia”, com documentos falsos, para conseguir empréstimos em bancos privados.

    As provas do inquérito mostram que Maciel Alves, sócio e instrutor de tiro de Renan, e um de seus comparsas fizeram “nascer” a falsa pessoa de Antonio Amancio Alves Mandarrari, cuja identidade sem validade foi usada para abertura de conta bancária e figurar como proprietário de pessoas jurídicas na condição de “laranja”.

    Segundo os investigadores da Delegacia de Repressão a Crimes de Ordem Tributária (DOT), do Departamento de Combate à Corrupção (Decor), o esquema é fruto da existência de uma associação criminosa cuja estratégia era ‘obter indevida vantagem econômica, passa pela inserção de um terceiro’, o “testa de ferro” ou “laranja”, para se ocultar o verdadeiro proprietário das empresas de fachada ou empresas “fantasmas”, utilizadas por Maciel Alves e Jair Renan Bolsonaro.

    Os policiais civis ainda descobriram que os investigados forjaram relações de faturamento e outros documentos das empresas investigadas, utilizando-se para isso de dados de contadores sem o consentimento deles, inserindo declarações falsas com o fim de alterar os valores reais das empresas.

    Segundo os investigadores, o faturamento falso de R$ 4,6 milhões da empresa de Jair Renan foi usado como respaldo para o filho do ex-presidente conseguir empréstimo bancário, o que é considerado fraude.

    A polícia também investiga movimentações financeiras suspeitas entre os investigadores e não descarta o envio de valores para o exterior.

    Eixos da investigação

    A investigação apontou para a existência de uma associação criminosa com três eixos, apurados pela CNN.

    O ponto de partida são empresas no nome de Marco Aurelio Rodrigues. Ele aparece como sócio administrador da Academia de Tiro 357, com capital social de R$ 3,5 milhões, e da RB Eventos e Mídia LTDA, com capital social no valor de R$ 105 mil.

    A Academia de Tiro 357 foi aberta em 2011, e repassada para Marco Aurelio em 2021. Já a empresa de eventos pertencia a Jair Renan até março de 2023, quando também foi transferida para Marco Aurelio.

    O segundo eixo apurado pela CNN é que os investigadores também veem Marco Aurelio como um “laranja”, para ocultar o verdadeiro proprietário das empresas de fachada.

    “A investigação aponta que diversos suspeitos teriam dado vida a pessoas falsas e aberto empresas visando obter vantagem indevida financeira”, detalhou à CNN a PCDF.

    De acordo com fontes da investigação, o comparsa seria Eduardo Alves, que teve mandado de prisão expedido na operação “Nexum”, em agosto do ano passado, mas não foi localizado.

    O último ponto são os crimes que teriam sido cometidos pelo grupo. A CNN apurou que o esquema de empresas de fachada seria usado para que o grupo recebesse “indevida vantagem econômica”, que passava por obtenção de crédito utilizando as empresas, até fraude fiscal.

    Jair Renan e Maciel Alves foram indiciados pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e lavagem de dinheiro.

    Procurada, a defesa de Jair Renan disse que não vai comentar o caso. O advogado de Maciel Alves não foi encontrado. A reportagem tenta contato com Marco Aurelio Rodrigues por meio de telefones da academia de tiro. O espaço segue aberto para manifestação da defesa.