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    Integrantes do Supremo rechaçam voto secreto, mas avaliam mudanças em sistema de votos

    Nesta terça-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que os votos dos ministros do STF sejam sigilosos

    Thais ArbexTeo Curyda CNN

    Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos pela CNN em caráter reservado rechaçam a possibilidade de mudar a Constituição para instituir o voto secreto, mas admitem que a Corte avalia internamente uma mudança no sistema de votação no plenário.

    Nesta terça-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que os votos dos ministros do STF sejam sigilosos. O presidente acrescentou que a insatisfação da população com determinadas decisões pode afetar a segurança dos magistrados da Suprema Corte.

    Um dos integrantes do STF disse à CNN considerar impossível que o Congresso Nacional mude o atual sistema de votação da Corte, que tem a transparência como um dos principais pilares, mas que há uma discussão interna para adotar uma medida que simplifique os julgamentos.

    O que prevê a Constituição: “Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”.

    O pano de fundo desse debate interno tem dois aspectos: a excessiva exposição do STF em determinados temas e os longuíssimos votos no modelo atual. A ideia, segundo relatos, é adotar um mecanismo parecido com o que já acontece no plenário virtual.

    A proposta é que o relator de cada processo trabalhe para construir um consenso com os colegas antes de o tema chegar no plenário físico. No dia do julgamento, aqueles que concordaram com a tese construída apenas referendam a decisão, acompanhando o ministro-relator, sem a necessidade de que cada um dos 11 apresente seu voto.

    No processo sobre o juiz de garantias aconteceu algo parecido, mas, ao em vez de a discussão ter sido feita antes da chegada ao plenário, os ministros chegaram a um consenso durante o julgamento —o que acabou tomando muitas sessões da Corte.

    Segundo integrantes do Supremo, o novo modelo é uma ideia antiga dentro do tribunal. O ministro Luís Roberto Barroso, que assume a presidência da Corte no fim do mês, já chegou a propor que cada magistrado tenha, no máximo, 15 minutos de votos.

    Um dos ministros diz que o novo mecanismo, chamado de per curiam, diminuiria ruídos e debates nos julgamentos, reduzindo a exposição do tribunal. Esse magistrado afirmou que “Lula atirou no que viu e acertou no que não viu” ao defender o voto secreto.

    Outro ministro ouvido pela CNN diz que, hoje, o plenário virtual já atende, em parte, o excesso de exposição da Corte. Na avaliação desse integrante do Supremo, poderia até ter uma discussão mais ampla — deixando alguns julgamentos, principalmente os casos criminais, fora da transmissão da TV Justiça.

    Aliados do presidente Lula lembram, inclusive, que o mandatário defende o fim da TV Justiça há muito tempo. Esses interlocutores reforçam que, recentemente, Lula citou o caso da agressão ao ministro Alexandre de Moraes, em Roma.

    “Um cidadão que faz isso, ele não é um ser humano que você pode ter respeito por ele. É um canalha. Se vale a moda desse cidadão, os ministros não terão mais sossego no Brasil, ou seja, o voto vai ter que ser secreto para que ninguém saiba naquilo que o ministro votou”, disse o presidente em meados de julho.

    VÍDEO: Ninguém precisa saber como ministros do STF votam, diz Lula

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