Instituições judaicas criticam resposta do Brasil sobre conflito Israel x Irã
Embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, afirmou à CNN que está “desapontado” com o posicionamento do Brasil
Instituições que representam as comunidades judaicas no Brasil criticaram neste domingo (14) a resposta do governo brasileiro ao ataque do Irã com drones e mísseis a Israel. Sem condenar diretamente a ação iraniana, o Itamaraty disse acompanhar a situação e pediu “máxima contenção” para evitar uma escalada na tensão.
O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, afirmou à CNN que está “desapontado” com o posicionamento do governo do Brasil.
“Eu procurei, mas não achei nenhum tipo de condenação, infelizmente. Fiquei muito desapontado. Acho que quando há este tipo de ataque, e o Brasil aceita isso, ou pelo menos não condena… Como disse, fiquei muito desapontado que isso não aconteceu”, disse Zonshine.
Na visão do Instituto Brasil-Israel (IBI), o governo de Lula “perdeu” a oportunidade de condenar um ataque “flagrantemente ilegal”, que pode elevar a instabilidade no Oriente Médio a níveis imprevisíveis. O instituto menciona que países como Estados Unidos, França, Reino Unido condenaram o ataque.
Em nota, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) disse que o posicionamento brasileiro é “lamentável e frustrante” e vai na contramão do “mundo democrático”. Para a entidade, a “atual política externa do Brasil optou por se colocar ao lado da teocracia iraniana, desviando novamente da linha diplomática histórica de condenar agressões desse tipo”.
As declarações endossam as críticas que o governo Lula sofre desde outubro do ano passado, quando o Hamas atacou Israel. O petista critica a proporção da retaliação israelense. Em fevereiro deste ano, o presidente comparou a ação de Israel com o extermínio de judeus realizado por Adolf Hitler.
O Ministério das Relações Exteriores pediu, neste sábado (13), “máxima contenção” para evitar uma “escalada” do conflito entre o Irã e Israel.
“O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada”, disse o Itamaraty em nota.
No documento, o governo brasileiro ainda disse acompanhar o conflito com “grave preocupação”.
Ainda foi recomendado pelo Itamaraty que “não sejam realizadas viagens não essenciais à região” do conflito, e que brasileiros que estejam no Irã e em Israel “sigam as orientações divulgadas nos sítios eletrônicos e mídias sociais das embaixadas brasileiras”.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), foi na mesma linha do Ministério das Relações Exteriores e declarou que os ataques de Israel na Faixa de Gaza devem ser condenados da mesma forma que o ataque iraniano.
“Nos últimos anos, as resoluções do Conselho de Segurança da ONU não são cumpridas e o mundo assiste com indiferença à morte de civis em todo Oriente Médio. Chega de tanta desumanidade. Os ataques do Irã ao Israel precisam ser condenados assim como os de Israel na Faixa de Gaza”, publicou nas redes sociais.
Por outro lado, políticos de oposição criticaram a nota do Itamaraty e se mobilizam no Congresso Nacional. O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) afirmou que apresentará na segunda-feira (15) uma Moção de Repúdio ao governo brasileiro por não ter condenado o atentado do Irã.
“É inadmissível que o governo brasileiro não condene os ataques iranianos diante da recente ofensiva contra Israel. Como membro do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-Israel, fiquei perplexo quando vi que na nota do Itamaraty não havia uma condenação ao Irã pelos ataques. O mínimo que se espera do governo é uma posição clara e firme contra essa barbaridade.”, disse Nogueira.
Irã x Israel
Na madrugada deste domingo (14) – no horário local de Israel -, o Irã lançou um ataque sem precedentes contra Israel. Mais de 300 drones e mísseis foram disparados contra o território israelense.
Foi a primeira vez desde o início do conflito entre Hamas e Israel, em 7 de outubro passado, que o Irã – apoiador do grupo radical islâmico – atacou diretamente Israel.
Para conter o ataque, às Forças de Defesa de Israel (FDI), junto a aliados, utilizaram o sistema de defesa aérea conhecido como “Domo de Ferro”, que consiste em mísseis interceptadores que se chocam no ar com a ameaça inimiga, impedindo que o ataque aconteça.
Segundo os militares israelenses, 99% dos projéteis lançados pelo Irã foram interceptados, com apenas “um pequeno número” de mísseis balísticos atingindo Israel.