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    ‘Insistência por Ramagem na PF gera desconfiança e desconforto’, diz Fenapef

    O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Antônio Boudens, disse que a corporação quer "trabalhar com estabilidade"

    O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Antônio Boudens, afirmou à CNN nesta segunda-feira (11) que a insistência do governo de Jair Bolsonaro pelo nome de Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal gera desconfiança e desconforto. 

    Na última semana, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que o ministro Alexandre de Moraes reconsidere a suspensão da nomeação e posse de Ramagem, que segue como diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Moraes manteve a decisão.

    “Acaba gerando não só desconfiança, mas também desconforto, porque há vários nomes com competência para assumir a gestão da PF”, disse Boudens. “Os últimos nomes veiculados tinham condição de assumir sem necessariamente atrair para si essa atenção negativa sobre proximidade com o presidente. Claro que a condição técnica de Ramagem é indiscutível, mas essa insistência pela proximidade tem que ser muito bem analisada.”

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    Nesta segunda (11), Ramagem presta depoimento sobre as acusações de interferência política feitas pelo ex-ministro Sergio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro. Além dele, Maurício Valeixo, ex-diretor-geral da PF, e Ricardo Saadi, ex-superintendente da PF no Rio de Janeiro, também depõem. 

    Para Boudens, os depoimentos “podem trazer os esclarecimentos que os brasileiros estão esperando” e dar conclusão ao caso que comprometeu a PF.

    “O nosso quadro geral interno está na expectativa de que esse imbróglio todo, com a PF no meio desse furacão, passe logo e a gente tenha um quadro de permanência numa situação em que possamos trabalhar com estabilidade na PF”, disse ele.  “Para nós, o que importa é comprovar se houve esse tipo de manobra comprovada dentro da PF. A partir daí, espero que esse inquérito possa trazer essas respostas”.

    As denúncias

    Em depoimento divulgado na íntegra pela CNN na última semana, Moro relatou ter sofrido pressão de Bolsonaro para trocar o comando da superintendência do Rio de Janeiro. Uma das provas seria uma reunião gravada, na qual o presidente teria manifestado a intenção de interferir politicamente na entidade.

    O vídeo da reunião será exibido na próxima terça-feira (12) em Brasília, na sede da Polícia Federal, apurou a CNN. Para a ocasião, Moro irá pessoalmente a Brasília.

    Em seu depoimento, Moro afirmou que Bolsonaro pedia substituições na PF para ter “acesso a relatórios de inteligência”, mas que o presidente já tinha acesso a esses documentos por meio da Abin e do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN). Ainda em sua fala à PF, Moro afirmou que Bolsonaro nunca pediu relatórios específicos de inteligência.

    Indicado por Moro, Maurício Valeixo foi exonerado do cargo de diretor-geral da Polícia Federal em ato publicado no Diário Oficial da União em 24 de abril. Na sequência, Moro pediu sua demissão do cargo da ministro da Justiça, criticando a conduta do presidente. Moro afirmou que não havia razão para demitir Valeixo e apontou irregularidades na publicação do Diário Oficial, que, segundo ele, afirmava falsamente que Valeixo estava saindo “a pedido” e tinha sua assinatura sem sua anuência.

    Bolsonaro nomeou Alexandre Ramagem, diretor da Abin, para ocupar a diretoria-geral da Polícia Federal, mas Ramagem – próximo dos filhos do presidente – foi impedido de tomar posse após decisão do ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

    Ramagem, assim, permaneceu na Abin e Bolsonaro nomeou Rolando Alexandre para o cargo na Polícia Federal. Em uma das primeira medidas no cargo, Rolando trocou o comando da superintendência da corporação no Rio de Janeiro – tirando Carlos Henrique Oliveira e escolhendo Tácio Muzzi, ainda não nomeado de forma oficial, como seu substituto.

    Em paralelo à mudança na PF do Rio, o procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitou ao ministro Celso de Mello, do STF, que a polícia colha depoimentos de Valeixo, Ramagem e Ricardo Saadi, que antecedeu Carlos Henrique Oliveira na direção da PF no Rio de Janeiro. 

    No último ano, a PF do Rio de Janeiro abriu inquérito para apurar denúncias de que o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) praticou lavagem de dinheiro e falsidade ideológica em negociações de imóveis e em declarações de bens à Justiça Eleitoral. Segundo o jornal O Globo, a PF depois pediu arquivamento do caso sem fazer quebras de sigilo fiscal e bancário.