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    Imunidade parlamentar não é vale-tudo, diz jurista sobre julgamento de Daniel Silveira

    Em entrevista à CNN, o desembargador aposentado Wálter Maierovitch destacou que a liberdade de expressão "não é sinal verde para golpismo e violência"

    Léo LopesElis Francoda CNN

    em São Paulo

    O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou por 10 a 1, nesta quarta-feira (20), o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ). O parlamentar foi julgado por ter ameaçado ministros da Corte em vídeos publicados nas redes sociais.

    Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro André Mendonça votou a favor da condenação. Nesta quinta (21), ele se manifestou no Twitter defendendo seu voto: “Mesmo podendo não ser compreendido, tenho convicção de que fiz o correto.”

    Em entrevista à CNN nesta quinta (21), o jurista Wálter Maierovitch disse que o julgamento mostra que a imunidade parlamentar não é um “vale-tudo”.

    O desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) destacou três pontos do caso que envolve Daniel Silveira e as ameaças aos ministros do STF.

    “O primeiro é em relação ao mérito, ao merecimento dessas condenações. Efetivamente as duas condenações eram mesmo de rigor. Ficaram bem provadas. Existiram essas duas condutas típicas criminais”, afirmou.

    Maierovitch ressalta que, durante o julgamento, foi “muito bem enfrentada” a questão da imunidade parlamentar. “Como eu disse, não é vale-tudo. Não se pode tudo. Foi enfrentada a questão da liberdade de expressão, que também não é sinal verde para golpismo, violência, se atentar a Constituição e incitar contra o Estado Democrático de Direito”, declarou.

    Além disso, como segundo ponto, Maierovitch afirmou que “ficou muito visível para operadores de Direito” que a pena aplicada pelos ministros – de 8 anos 9 meses, com prisão inicial em regime fechado, e perda de mandato – foi exagerada.

    “A pena foi mal dosada, exagerada e se calcou a mão em uma espécie de vingança e aviso para bolsonaristas furiosos. No sentido de que essas penas, por se pesar a mão, levaram a mais de 8 anos. Isso significa que se forçou a mão para se ter prisão fechada. Não era pra tanto”, argumentou.

    O jurista ainda destacou que o deputado era réu primário e confessou o crime, o que deveria atenuar a pena.

    Por último, ele apontou como último ponto o voto do ministro André Mendonça. “Ele ficou com um pé num barco para agradar ao STF, pois entendeu que houve ofensas ao tribunal e aos ministros. Ele fez uma média. E colocou um outro pé no barco do Bolsonaro ao dizer que outros crimes não ocorreram, só um, e fixou uma pena baixíssima. E se omitiu ao não falar que aquela pena levava ao regime aberto”, disse.