Impasse envolvendo Moro mostra dificuldade nas candidaturas de centro, diz especialista
À CNN, cientista político e professor do Insper Carlos Melo falou sobre os possíveis cenários nas eleições após incerteza em torno da candidatura de Sergio Moro
Em entrevista à CNN nesta sexta-feira (1°), o cientista político e professor do Insper Carlos Melo afirmou que as incertezas sobre a candidatura do ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) demonstram a dificuldade de viabilizar as candidaturas ditas de centro.
“Pode ser que apareça uma candidatura capaz de aglutinar o centro democrático. Está tarde, parece que está bem atrasado esse processo; mas se tratando de política, e politica no Brasil, pode ser que fatos novos e de última hora contribuam em uma aglutinação”, disse.
Nesta sexta-feira, Sergio Moro (União Brasil) fez um pronunciamento para comentar sobre a mudança de partido e filiação ao União Brasil. Moro afirmou que “não será candidato a deputado federal”, mas reiterou que “não desistiu de nada”.
O especialista disse à CNN que devido à incerteza em torno da candidatura de Sergio Moro, os votos possivelmente destinados ao ex-juiz podem se direcionar para outros candidatos; entretanto, ainda é difícil determinar qual seria o representante com perfil mais similar na escolha do eleitor.
“Conforme Moro não vai se estabelecendo como alternativa, naturalmente esses eleitores vão se realocando nas candidaturas mais viáveis, a princípio as pesquisas dizem que ganha [votos] Bolsonaro, Ciro, e um pouco João Doria, e votos em branco e nulos ganham um pouco também. Residualmente ganha o presidente Lula”, acrescentou o cientista político.
“É necessário ter o tino político”
O cientista político e professor do Insper Carlos Melo destacou que a política tem uma dinâmica e ritual que demanda certa experiência no processo. Para o professor, eleição tem que ter estratégia e ela “não se dá bem com amadores”.
“A política é exercida por políticos. Os partidos políticos, os prazos eleitorais, prazos de filiação, os prazos de convenção, isso tudo atende a um timing, a uma estratégia, não basta a vontade”, comenta.
“As candidaturas precisam ser construídas, e para isso é necessário ter o tino político, ser profissional da política e não ser diletante da política, como é o que está parecendo”, incluiu Melo.