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    Guerra em Israel só não supera 8 de janeiro em mobilização política nas redes, mostra Quaest

    Desde o ataque contra civis israelenses desencadeado pelos militantes do Hamas, no dia 7, até segunda-feira (16), a Quaest detectou mais de 10 milhões de menções ao conflito

    Sistema antimíssil de Israel intercepta foguetes lançados da Faixa de Gaza, no sul de Israel
    Sistema antimíssil de Israel intercepta foguetes lançados da Faixa de Gaza, no sul de Israel 15/10/2023REUTERS/Amir Cohen

    Iuri Pittada CNN

    A guerra entre o grupo radical islâmico Hamas e Israel se tornou a principal munição da oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas redes sociais, reproduzindo a polarização política que marca o cenário brasileiro nos últimos anos.

    Dados de um monitoramento digital feito pela Quaest Consultoria e Pesquisa, a pedido da CNN, mostram que o conflito só não despertou maior mobilização do que os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e que houve predomínio dos posicionamentos críticos à gestão do petista, assim como ampla disseminação de desinformação.

    Desde o ataque contra civis israelenses desencadeado pelos militantes do Hamas, no dia 7, até segunda-feira (16), a Quaest detectou mais de 10 milhões de menções ao conflito, publicadas por aproximadamente 530 mil autores únicos e um alcance médio de 892 milhões de usuários das principais redes sociais e canais de notícias (Twitter, Instagram, Facebook, YouTube, Google e sites noticiosos).

    A título de comparação, em 2023, apenas os ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro, registraram maior volume de menções por dia – foram 2,2 milhões apenas na tarde dos atos antidemocráticos, ante média diária de 1 milhão de citações ao conflito em Israel e na Faixa de Gaza.

    Nenhum outro episódio político deste ano, como as investigações sobre a falsificação de certificados de vacinação, a tentativa de venda de joias dadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e as enchentes do Rio Grande do Sul, superaram a média de 500 mil citações em um mesmo dia, de acordo com o monitoramento.

    Aproximadamente três em cada quatro menções foram categorizadas como pró-Israel, com 78% das postagens, ante 14% com posicionamento contrário ao país e 8% avaliadas como neutras e/ou informativas, segundo a Quaest.

    Guerra em Israel só não supera 8 de janeiro em mobilização política nas redes, mostra Quaest
    Dados de um monitoramento digital feito pela Quaest Consultoria e Pesquisa a pedido da CNN mostram que o conflito só não despertou maior mobilização do que os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e que houve predomínio dos posicionamentos críticos à gestão do petista, assim como ampla disseminação de desinformação / Divulgação

    Polarização e desinformação

    O pico de citações à guerra ocorreu no dia 10, quando uma série de conteúdos com notícias fraudulentas ganhou mais força – entre os exemplos, a decapitação de bebês por terroristas e a falsa informação de que uma embaixada do Hamas seria construída em Brasília.

    As manifestações em apoio a Israel predominaram no campo político da direita, de acordo com os dados da Quaest, assim como uma reprovação da posição de Lula em demonstrar solidariedade ao povo palestino.

    Entre a esquerda, o monitoramento detectou maior tendência de defesa à criação de um Estado da Palestina, repúdio às políticas de Israel para os territórios e elogios às ações do presidente e do governo no debate diplomático e no resgate de brasileiros que estão nas áreas de conflito. Mas Lula enfrenta críticas também nesse campo ideológico, entre os mais radicais, por associação entre o Hamas e o terrorismo.

    Guerra em Israel só não supera 8 de janeiro em mobilização política nas redes, mostra Quaest
    Dados de um monitoramento digital feito pela Quaest Consultoria e Pesquisa a pedido da CNN mostram que o conflito só não despertou maior mobilização do que os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e que houve predomínio dos posicionamentos críticos à gestão do petista, assim como ampla disseminação de desinformação / Divulgação

    Entre as fake news mais compartilhadas e tratadas como trending topics pela Quaest estão postagens que afirmavam incorretamente que Lula e outros políticos de esquerda, como o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, seriam “apoiadores do Hamas”.

    Esse tipo de assunto só foi superado pelas postagens sobre a falsa decapitação de bebês, na primeira semana do conflito.

    A Quaest também detectou como um dos trending topics o debate sobre classificar ou não o Hamas como terrorista – um dos principais ataques da oposição ao governo e ao PT, cuja resposta foi o fato de que nem o Conselho de Segurança das Nações Unidas usa o termo para se referir à organização – e críticas por parte de aliados de Lula de que a imprensa não daria o devido crédito à coordenação de ações de resgate dos brasileiros no Oriente Médio.

    Para o cientista político Felipe Nunes, CEO da Quaest, o mapeamento dos termos mais citados nas postagens revela o personalismo do governo: Brasil foi a palavra mais usada, demonstrando o quanto o conflito no Oriente Médio se tornou um assunto nacionalizado e inserido na polarização política do país, assim como Lula foi o principal personagem nas menções, sejam críticas, sejam favoráveis.

    “A polarização política parece ter superado a consciência dos brasileiros sobre as consequências humanitárias do conflito”, afirma o cientista político. “O governo Lula terá que lidar com as críticas recebidas para gerenciar sua popularidade, como também a aprovação e reprovação do governo”, complementa Nunes.