“Guedes está tentando vender até os tapetes do Planalto”, diz Lula sobre privatizações
Em discursos no Rio Grande do Sul, petista ataca gestão da economia do governo Bolsonaro e defende “estado forte”
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas à gestão da economia por parte do governo federal e às privatizações em discursos no Rio Grande do Sul, onde o pré-candidato à Presidência cumpre agenda.
Na noite de quarta (1º), em um ato diante de apoiadores em Porto Alegre, Lula atacou o ministro da Economia, Paulo Guedes.
“Eu já disse duas vezes: quem quiser se meter a comprar a Petrobras, quem quiser se meter a comprar a Eletrobras, se prepare, porque vai ter que conversar conosco depois das eleições no dia 2 de outubro. Porque o ‘Seu Guedes’ está tentando vender até os tapetes do Palácio do Alvorada, até os tapetes do Palácio do Planalto”, declarou Lula.
A CNN procurou Paulo Guedes sobre as críticas de Lula; a assessoria do ministro disse que ele não irá comentar.
Na manhã desta quinta (2), em um debate sobre cooperativismo na capital gaúcha, o presidenciável petista comentou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Mais cedo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a economia brasileira avançou 1% no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o último trimestre do ano passado. Em relação ao mesmo trimestre de 2021, a alta foi de 1,7%.
Segundo Lula, o crescimento do PIB não significa automaticamente aumento de salário para os trabalhadores ou geração de emprego.
“Às vezes temos certeza de que [o crescimento do PIB] gerou um acúmulo de riqueza em quem é empresário neste país. Agora, quando o PIB não cresce, você pode ter certeza de que o trabalhador perde. Não tenha dúvidas: quando ele cresce, a gente não tem certeza que ganha, mas quando ele não cresce, a gente tem certeza que vem para as costas do trabalhador”, afirmou.
O ex-presidente defendeu seu governo, dizendo que aumentava o salário mínimo de acordo com o crescimento do PIB.
“Não sei se estão lembrados: era a inflação do ano e o PIB de dois anos atrás. Aí você estava dando o aumento do PIB para o trabalhador”, disse.
“Estado forte”
Também nesta quinta, Lula voltou a defender a ideia de um “Estado forte” que funcione como “indutor do crescimento econômico”. Ele comparou o papel do Estado ao de um pai que ajuda os filhos.
“Qual é o papel do Estado? O papel do Estado não é se meter, o papel do Estado não é ficar dando palpite, o papel do Estado é como se fosse um paizão, que fica lá: meus filhos estão trabalhando, se der problema, nós vamos ajudar. Se der problema, a gente vai garantir que eles comprem uniforme. Se errar, nós vamos ensinar a acertar”, disse.
Lula participou do encontro ao lado do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), indicado para ser o vice em sua chapa nas eleições de outubro, da ex-presidente Dilma Rousseff, dos ex-governadores gaúchos Olívio Dutra e Tarso Genro e de representantes do PSOL e do PCdoB, que apoiam a candidatura petista para a Presidência.
O ex-presidente fez um discurso sobre as “novas formas de trabalho” surgidas com o crescimento da robotização na indústria e da digitalização. Segundo ele, a intervenção de um Estado forte na economia é necessária “até que a gente possa ter uma sociedade que dê resposta a esse mundo em que a indústria que nós conhecemos nos anos 1980 não vai dar mais”.
Ele defendeu que o cooperativismo pode estar vivendo um “momento de ouro para se fortalecer” ao servir como uma resposta às mudanças nas condições de trabalho.
“A indústria da Revolução Industrial não existe mais. As indústrias hoje produzem cada vez mais com menos mão de obra. O que está crescendo é setor de serviço, são as pessoas que querem trabalhar em casa, fazer alguma coisa, vender roupa pela internet, sapato, doce, goiabada, qualquer coisa. É isso que está crescendo. E a empresa de aplicativo. As quatro maiores empresas do mundo e as maiores fortunas do mundo são essas empresas que eu nunca nem vi o dono delas: é Google, Twitter, Instagram, é tanta coisa que todo dia surge uma nova”, afirmou.
Debate
A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.
*Publicado por Marcelo Tuvuca, com informações de Álvaro Gadelha e Pedro Osorio, da CNN
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