Governo vê ‘tom político’ em carta de empresários e economistas
O motivo, dizem, é que a maior parte dos signatários já faz oposição a Bolsonaro e é crítica da gestão de Paulo Guedes
O governo federal avaliou a carta elaborada por economistas e empresários defendendo medidas urgentes de enfrentamento à pandemia no Brasil sob duas óticas: técnica e política. De acordo com interlocutores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), há uma clara contribuição ao debate sobre o combate ao novo coronavírus no país, muito embora a percepção na maior parte da cúpula do governo seja o de um componente político acentuado no documento.
O motivo, dizem, é que a maior parte dos signatários já faz oposição a Bolsonaro e é crítica da gestão de Paulo Guedes. Uma fonte do alto escalão chegou a dizer que é um movimento “tipicamente tucano”, um “establishment qualificado que foi desalojado”, um “ato de desespero” intensificado pelo retorno do ex-presidente Lula (PT) à arena eleitoral e a consequente polarização entre o petista e Bolsonaro. Avaliam que a grande novidade do texto “é o ato político em si”.
De fato, dentre os signatários há pessoas que já faziam oposição ao governo. Os seus idealizadores, por exemplo, Thomas Conti, Sandra Rios, Marco Antonio Bonomo e Claudio Frischtak são economistas que estavam nas eleições de 2018 auxiliando adversários de Bolsonaro na campanha. Bonomo esteve com Marina; Frischtak com Alckmin e Rios extraoficialmente com Meirelles.
Por outro lado, segundo economistas que participaram da elaboração do texto, o grande mérito dele está em trazer nomes que até então estavam reservados nas críticas mais agudas ao governo. Alguns exemplos: Olavo Setúbal, do Itaú; Luís Sthulberg, dono do fundo Verde, um dos maiores do mercado financeiro.
Sobre as sugestões em si, ministros disseram à CNN que parte delas já está em andamento. O presidente consultou alguns dos seus auxiliares mais próximos sobre o teor e preferiu, assim como a equipe econômica, responder o texto por meio de um discurso feito no meio da tarde em uma cerimônia sobre educação. Nela, apresentou dados econômicos.