Governo poderá utilizar a CPI do 8 de janeiro para consolidar apoio da base no Congresso
À CNN Rádio, Eduardo Grin ponderou, também, que o governo terá dificuldade para manejar CPIs simultâneas, diz cientista político
O governo federal “terá dificuldade de gerenciar quatro CPIs ao mesmo tempo”, na avaliação do cientista político Eduardo Grin, à CNN Rádio.
A CPMI dos atos de 8 de janeiro foi aprovada simultaneamente a outras três: da manipulação de resultados esportivos, do MST e da Americanas.
De acordo com o professor da FGV-SP, “o desgaste maior será na do MST, mas vai precisar de capacidade política para arrancar nesta dos atos criminosos, para a qual deve ter a maioria de votos.”
Para Grin, no caso da CPMI da invasão aos Três Poderes, “há enorme chance de ela se mostrar um tiro no pé para a oposição.”
Isso porque “a narrativa de que o governo foi leniente ou mesmo que teria planejado atos para vitimizar o presidente Lula não para em pé, há fartas evidências e provas factuais do que houve.”
“O governo pode acabar fazendo dessa CPMI frente capaz de ampliar o isolamento do bolsonarismo no Congresso e consolidar algo que não possui: que é base de apoio com estabilidade e garantia no Congresso”, explicou.
No entanto, ele pondera que isso “não será fácil.”
O cientista político acredita que a CPMI “se impôs politicamente”, embora talvez “não fosse necessária”, já que a investigação está avançada no Supremo Tribunal Federal e no Ministério Público Federal.
Segundo o especialista, a Comissão pode exercer, ao menos, um “papel complementar com a Justiça e aprofundar temas que a sociedade aguarda, como identificar os financiadores dos atos”.
*Com produção de Isabel Campos