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    Governo tenta empoderar Flávia Arruda no Senado

    Desde a posse na Secretaria de Governo, em 6 de abril, Flávia privilegiou agendas com deputados, e não com senadores

    Caio Junqueirada CNN

     

    O Palácio do Planalto tenta empoderar a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, para evitar que problemas como o que ocorreu na formação da CPI da Pandemia –a formação de uma maioria oposicionista– se repitam. 

    Depois de um mês no cargo completados nesta quinta-feira, a avaliação é a de que ela ainda não conseguiu entrar no Senado e parte da responsabilidade pela situação do governo na CPI tem sido debitado na sua conta. 

    Flávia Arruda tomou posse no dia 6 de abril. O ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso determinou a abertura da CPI no dia 14 de abril. Mas Flávia, desde então, privilegiou agenda com deputados e não com senadores. Um levantamento em sua agenda oficial mostra que do dia 15 até hoje ela recebeu em seu gabinete 70 deputados e apenas 8 senadores, apenas três deles da CPI e do time governista. Na agenda geral da ministra desde que assumiu o cargo foram 93 deputados e 10 senadores.

     

    Diante disso, o governo já tem a orientado para mergulhar no Senado e ela deve começar a receber individualmente mais senadores a partir da próxima semana. A ideia é que ela seja a referência do governo e não mais o ex-presidente da casa Davi Alcolumbre, principal operador do governo na casa na primeira metade da legislatura.
    Alcolumbre, segundo fontes, já foi avisado de que Arruda deverá ser a referência, embora ele continuará a ajudar o Planalto em operações específicas. Algo que não ocorreu na CPI. Ele ficou por 20 dias no Amapá trabalhando a sua candidatura à reeleição e ministros garantem que sequer conseguia atender aos reiterados pedidos de ajuda tendo em vista que no interior do Amapá, onde ele esteve por vários dias, há dificuldades para ligações telefônicas.

    Alcolumbre, dizem interlocutores do presidente Jair Bolsonaro, também é peça central para entender a situação do governo na CPI. O governo apoiou seu nome contra Renan Calheiros na eleição para a presidência do Senado em 2019. Rejeitou um nome do DEM e apoiou um candidato seu, Rodrigo Pacheco, e não apoiou um nome do MDB. Esses dois fatores são considerados os que levaram o MDB a retaliar na composição da CPI e indicar senadores com perfis de oposição, como Renan, e independente, como Eduardo Braga. 

    A avaliação é que Pacheco, com uma linha mais independente, não tem o mesmo perfil de Alcolumbre, mais governista e, portanto, não servirá como um elemento irrestrito de apoio ao Planalto dentro do Congresso. Interlocutores do presidente, inclusive, garantem que ele poderia ter evitado a abertura da CPI. A decisão de cumprir a ordem do STF acabou o afastando do Planalto. 
    O governo quer empoderar Flávia Arruda dando a ela condições de decidir as demandas dos senadores. Isso implica uma revisão dos critérios anteriores, por exemplo, de distribuição de cargos e emendas. Para o governo, a lógica anterior privilegiava partidos que não apoiam irrestritamente o presidente já que era Alcolumbre que liderava o processo e visava atrair apoio não só ao planalto, mas também a sua reeleição.

    Procurados pela CNN, a assessoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que a atuação do senador é marcada pela independência. O senador Davi Alcolumbre não quis comentar.

    Flávia Arruda
    Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Governo, Flávia Arruda
    Foto: Marcos Corrêa/PR

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